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Sob o Véu

O CONDE DE SÃO GERMANO

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em

Musicista e a interpretação do seu Ex Libris

Professor Henrique José de Souza

A música de São Germano é delicada, graciosa e encantadora. Tem certas pecu- liaridades que a distinguem imediatamente no meio de outras composições. E às ve- zes tinha a profundidade e a grandeza dos gigantes da música, como Bach, Beethoven e Mozart.

O Conde de São Germano, personagem famoso, que teve um grande papel his- tórico na Revolução Francesa, ao lado do não menos famoso Cagliostro, continua até hoje envolto em mistério para aqueles que não se dedicam ao estudo dos movimentos ocultos que se processam no Mundo através das Idades. Filósofo, poeta, pintor, musi- cista, violinista considerado igual a Paganini, taumaturgo, conselheiro espiritual da Casa de Áustria, teve o extraordinário vulto do século XVIII uma grande influência junto à nobreza de França e são conhecidas as suas cartas a Maria Antonieta, aler- tando-a a respeito dos perigos que corria, prenunciando-lhe os trágicos acontecimen- tos que culminaram com a Revolução e as guilhotinas da Praça Vendôme.

De São Germano disse Voltaire que “era possuidor de um saber universal” e Franz Graffer apontava-lhe uma missão relacionada com os negócios do futuro, com o sé- culo XX. Para se ter uma ideia da figura desse célebre personagem, ouçamos o que dele diz Rodolfo Graffer. Voltava ele, certa vez, ao seu consultório, quando o criado lhe disse: “Faz uma hora, senhor, que um nobre de porte elegante, aqui esteve, sem que eu pudesse saber como entrou, e foi logo dizendo: ‘Encontro-me em Fedalhofe, na mesma casa que habitava Leibnitz’, em 1714”. Quando lhe quisemos falar, já havia desaparecido, deixando-me aterrorizado. Abrimos o laboratório – prossegue Graffer

– e não pudemos conter uma exclamação de assombro! São Germano estava ali, ma- nuseando uma obra de Paracelso. A descrição feita pelo empregado estava bem longe da realidade. Brilhante auréola parecia envolvê-lo. Toda a sua pessoa respirava majes- tade e domínio.

Assim era esse homem extraordinário, a quem ninguém jamais vira comer ou beber, que, no laboratório de Graffer, previu a morte, em dia certo, de Bruhl e a as- censão de Bonaparte, então uma inocente criança; que afirmou, segundo narra o mesmo autor: “Vou partir para Constantinopla e depois irei à Inglaterra, para ali lan- çar as bases de dois inventos de que muito necessita agora a humanidade: estradas de ferro e embarcações a vapor.”

Uns o chamavam de charlatão, outros, de iluminado e ainda outros de reencar- nação de um ser glorificado pela humanidade, em vários dos seus ciclos. De onde veio,

a idade que tinha, a missão que realizava, e para onde foi poucos o sabem. Mas os leitores de DHÂRANÂ bem o conhecem através dos notáveis trabalhos de reconstitui- ção histórica dessa figura, publicados pelo Prof. Henrique José de Souza, Supremo Dirigente da STB.

Queremos, hoje, pôr em relevo apenas uma das facetas daquele gênio multi- forme, grande em todas as artes, literaturas e ciências. Falaremos do músico admirá- vel que foi, baseados num trabalho, a respeito, de autoria do Sr. Johan Franco.

Em nenhum dicionário musical encontramos o nome do Conde de São Germano e sim o de Giovannini, violinista e compositor. Segundo Grove’s Dictionary of Music and Musicians, São Germano foi de Berlim para Londres, em 1745, e ali produziu, com o “pseudônimo de Conde de São Germano”, uma brilhante miscelânea musical inti- tulada L’Inconstanza delusa (Haymarket, 7 de abril, 1745) com árias que foram apre- ciadíssimas no tempo. Segundo ainda Johan Franco, escreveu ele também sete solos para violino em realidade sonatas completas com acompanhamento figurado de baixo e muitas outras canções.

A sua obra mais importante, contudo, parece ser as “Seis Sonatas para dois vio- linos com um baixo para cravo ou violoncelo”, que foram publicadas, mais ou menos, em 1750, por L. Walsh, de Londres. Nessa mesma peça editada, Walsh fez anunciar uma outra composição do mesmo autor: Musique raisonnée selon le boas sens aux dames Angloises qui aiment Ia vrai gout en cet art. O interessante é que encontramos exatamente as mesmas palavras, em francês, inscritas pelo Conde de São Germano em uma cópia daquela obra, que dedicou ao seu amigo e hóspede, Príncipe Lo- bkowitz, no Castelo de Raudnitz, na Boêmia. O Conde de Lamberg, no seu livro Le Memorial d’un Mondain, diz que o Conde tencionava ir a Viena para se encontrar no- vamente com o Príncipe Lobkowitz, que conhecera em Londres, em 1745. Isto explica por que o editor londrino das Seis Sonatas anunciou aquela música: é que viu, nas mãos do Conde de São Germano, o exemplar que este enviara ao Príncipe.

Vemos ainda no Dicionário de Grove, no verbete Giovannini, que a canção Willst Du Dein Herz Muschenken (Queres me dar teu coração), era de sua autoria, embora atribuída durante algum tempo a Johannn Sebastian Bach. A razão disso se prende a ter sido a mesma achada num álbum de música de Ana Madalena, esposa de Bach, com o título de “Ária de Giovannini”, por fora da página. Scholars considerou Giovan- nini a italianização do primeiro nome de Bach – Johann. Alfredo Heusz argumentou que se Giovannini (Conde de São Germano) realmente a tivesse escrito, devia sentir- se orgulhoso da mesma e, portanto, a teria publicado juntamente com outras canções. A discussão foi longa, mas chegou-se à conclusão de que a canção pertencia mesmo a Giovannini. Entre as muitas razões que levaram a esse resultado, destacamos o fato de São Germano jamais justificar seus passos e ações, mesmo nas situações mais em- baraçosas e que não tinha pretensões de aparecer como musicista e este outro

relativo ao hábito que tinha Bach de copiar a mão as composições que achava admi- ráveis, como aconteceu, por exemplo, com trabalhos de Vivaldi.

A música de São Germano é delicada, graciosa e encantadora. Tem certas pecu- liaridades que a distinguem imediatamente no meio de outras composições. E às ve- zes tinha a profundidade e a grandeza dos gigantes da música, como Bach, Beethoven e Mozart.

O que se depreende do estudo feito, é que uma grande parte da obra musical do Conde de São Germano perdeu-se, ou, melhor, anda escondida pelos arquivos do Mundo, à espera de que algum investigador as vá redescobrir para gáudio dos aman- tes da música e maior esclarecimento sobre a personalidade do misterioso tauma- turgo.

E para que compreendamos melhor o mistério que o rodeava, vejamos o que informa o Sr. Johan Franco, Napoleão III encomendou às autoridades respectivas que lhe preparassem um dossiê completo sobre o Conde de São Germano. Quando já es- tava pronta para ser entregue ao Imperador essa valiosíssima documentação, foi ela destruída, durante a Comuna, juntamente com o edifício que a guardava, por um vio- lento incêndio, como se fosse destino do dossiê, continuar em segredo…

Uma das coisas que mais têm chamado a atenção dos estudiosos da figura do Conde de São Germano é o ex libris posto por ele ao lado da sua assinatura, nas “Seis Sonatas”. Apesar dos estudos feitos até hoje sobre essa assinatura simbólica, ainda ninguém chegou a interpretá-la satisfatoriamente. Vemos nesse símbolo, que está no pé, à direita, da página 19, dentro de um Cartucho muito usado pelos antigos para a defesa do nome, um círculo com um ponto no centro, uma muralha crenelada e, em baixo, um escaravelho.

Para nós, a assinatura simbólica vela o nome de Atnenophis IV, ou Amenhetep, que, depois da Revolução Religiosa, levada a efeito mil e trezentos e tantos anos antes da nossa era, com a qual destruiu o deus Amon-Rá, adotou o nome de Kunaton, isto é, o Amado de seu Pai Aton (o Sol), restabelecendo a adoração do disco solar, que representa o Logos manifestado, cujo símbolo se vê no ex libris referido. Ao Sol dedi- cou Kunaton um hino, em que dizia: Harmakhis nefer Ra nefer, ATON Geb-Shu nefer nut (Ó tu, ATON, que te elevas no horizonte do céu iluminando a Terra e os Seres que na mesma habitam), como o fez também, e não por coincidência, Manco-Capac, o fundador da dinastia dos Incas, no Peru, que dizia, numa prece Apunchae ynca inti yayay Cuzco tambo (Ó Sol, meu Pai! que disseste: haja cuscos e tambos).

No meio do ex libris vemos a muralha crenelada, com cinco dentes, que devem expressar o 5º Senhor ou Buda Mercúrio do ciclo ariano. Em baixo, encontramos o escaravelho sagrado, que era, no antigo Egito, símbolo da transmigração. Aliás nós temos um símile do escaravelho no nosso besouro e pela sua peculiar atividade, po- demos deduzir as razões pelas quais foi o escaravelho tido como símbolo sagrado. O

besouro prepara uma bola de excremento, que vai sempre rodando (como um disco solar) e nela põe os seus ovos. Surgindo da referida bola os seus filhos, o fato levou o povo a achar que eles nasciam da mesma por transmigração ou transformação. Era também o escaravelho, o emblema de Ftá, nome do demiurgos, o arquiteto dos mun- dos. Estes três hieróglifos são o nome oculto, que o Conde de São Germano conservou nas velhas Iniciações egípcias, e que só um hierogramata, senhor da Ciência Secreta, pode ler.

Egiptólogos nele verão apenas um vocábulo, que não representa o mistério da Palavra Perdida, o Hashemephorash dos cabalistas hebreus: o Poder do Verbo Cria- dor, que refulge no Sol Espiritual oculto pela muralha intransponível das limitações da consciência manifestada, a energia divina, emanada pela Suprema Divindade, e pelos brâmanes denominada de Omkaya Pranava que se mantém na Palavra Viva, simbolizada pelo AUM.

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