Desde os salões imponentes do século XVII, onde reis proclamavam ser escolhidos por Deus enquanto pilhavam seus súditos, até as tribunas modernas, onde discursos inflamados escondem contas ocultas e interesses privados, o teatro político segue firme.
Nos tempos de Luís XIV, o “Rei Sol”, a corrupção era envolta em pompa: palácios eram erguidos com impostos do povo, enquanto aristocratas banqueteavam à custa da fome alheia. Era uma ópera, mas sem final feliz para a plebe.
Na sequência, a Revolução Industrial trouxe um novo palco. Agora, senhores engravatados escondiam seus desmandos sob o manto do progresso. “Tudo pela modernidade”, diziam, enquanto trabalhadores morriam nas fábricas e políticos vendiam pedaços do futuro por um punhado de ouro.
Já no Brasil, desde o “descobrimento”, a encenação é digna de Oscar. Colonizadores prometiam “civilização” enquanto saqueavam o pau-brasil. Na República, presidentes e governadores distribuíam favores como se fossem bilhetes premiados de loteria. E o “voto de cabresto” não era apenas literal, mas cultural, isto é, a perpetuação de quem manda e desmanda.
Nos dias atuais, a tecnologia trouxe efeitos especiais ao espetáculo. Redes sociais transformaram políticos em “influencers” e debates em reality shows. Corrupção? É maquiada com palavras difíceis. Vaidade? Fotografada em alta resolução. O povo, claro, é o eterno espectador, aplaudindo ou vaiando, mas sempre pagando o ingresso.
O enredo é sempre o mesmo, a promessa de um futuro melhor, enquanto nos bastidores se traça o destino de poucos. A única diferença é que agora o palco é global, e o streaming da tragédia está disponível 24 horas por dia.
Na política, o palco muda, os atores envelhecem, mas a peça da ilusão poderá continuar em cartaz com os políticos de carreiras.
Que o novo ciclo político seja guiado pela ética, pelo compromisso com o bem comum e pela coragem de transformar promessas em ações.