“O homem só possuí em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo.” (Cap. 16; Item 9)
Em tudo o que se refira à propriedade, enumera, acima de tudo, aquelas que partilhas por dons inexprimíveis da Infinita Bondade, e que, por se haverem incorporado tranquilamente ao teu modo de ser, quase sempre delas não fazes conta. Diariamente, recolhes, com absoluta Indiferença, as cintilações da coroa solar a se derramarem, por forças divinas, no regaço da terra, transfigurando-se em calor e pão, no entanto, basta pequeno rebanho de nuvens na atmosfera para que te revoltes contra o frio. Dispões das águas circulantes que, em mananciais e poços, rios e chuvas, te felicitam a existência, sem que te lembres disso, e, ante o breve empecilho do encanamento no recinto doméstico, entregaste sem defesa a pensamentos de irritação. Flores aos milhares, na estrada e no campo, convidam-te a meditar na grandeza da Inteligência Divina, conversando contigo pelo idioma particular do perfume e, em muitas
circunstâncias, não hesitas esfacelá-las sob os pés, deitando reclamações se pequenino seixo te penetra o sapato. Correntes aéreas trazem de longe, princípios nutrientes, sustentando-te a vida e lhes consomes as energias, à feição da criança que se rejubila inconsciente e feliz no seio materno e se o vento agita leve camada de pó, costumas acusar desagrado e intemperança. Possuis no corpo todo um castelo de faculdades prodigiosas que te enseja pelas ogivas dos sentidos a contemplação e a análise do Universo, permitindo-te ver e ouvir, falar e orientar, aprender e discernir, sem que lhe percebas, do pronto, o ilimitado valor, e dificilmente deixas de clamar contra os excedentes que assinalas no caminho dos semelhantes, sem refletir
nos aborrecimentos e nas provas que a posse efêmera disso ou daquilo lhes acarreta à existência. Não invejes a propriedade transitória dos outros. Ignoras porque motivo a fortuna amoedada lhes aumenta a responsabilidade e requeima a cabeça. Sobretudo, nunca relaciones a ausência do supérfluo. Considera os talentos imperecíveis que já reténs na intimidade da própria alma e lembrete de que transportas nos corações e nas mãos os recursos inefáveis de estender, infinitamente, os tesouros do trabalho e as riquezas do amor.
Retirado do “Livro da Esperança” – Autor Espiritual: Emmanuel – Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João cap. 8 v. 32.
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