“Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse Isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal.” (Cap. 25, Item 3)
Costumamos admirar as personalidades que se galardoam na Terra. Tribunos vencem inibição e gaguez, em adestramento laborioso, aprimorando adição. Poetas torturam versos, durante anos, transfigurando-se em estetas perfeitos, ajustando a emoção aos rigores da forma. Pintores reconstituem os próprios traços, centenas de vezes, fixando, por fim, os coloridos da natureza. Atletas despendem tempo indeterminado, manejando bolas e raquetes ou submetendo-se a severos regimes, em matérias de alimentação e disciplina, para se garantirem nos a opulência da evidência. Todos eles são dignos de apreço, pelas técnicas obtidas, à custa de longo esforço, e todos, conquanto sem intenção, traçam o caminho que se nos indica às vitórias da alma, porquanto existem campeonatos ocultos, sem qualquer aplauso no mundo, embora atenciosamente seguidos da Esfera Espiritual. Se aspiramos a libertação da impulsividade que nos arrasta aos flagelos da cólera e da incontinência, é forçoso nos afeiçoemos aos regulamentos interiores. Tribunos, poetas, pintores e atletas terão lido e ouvido treinadores eméritos, mas, sem a consagração deles mesmos aos exercícios que lhes atribuíram eficiência, não passariam de aspirantes aos títulos que apresentam. Assim também, no campo do espírito. Não adquiriremos equilíbrio e entendimento, abnegação e fé, unicamente desejando semelhantes aquisições. Não ignoramos que, em certos episódios da vida, não remediaremos a dificuldade com atitudes meigas e que surgem lances, na estrada, nos quais o silêncio não é a diretriz ideal; não desconhecermos que, em determinadas circunstâncias, a caridade não deve ser vasada em moldes de frouxidão e que o sentimento não é feito de pedra para resistir, intocável, a todos os aguilhões do desejo… Entretanto, se aplicarmos em nós as regras em eu a eficácia acreditamos, sofreando impulsos inferiores, cinco, duzentas, oitocentas, duas mil, dez mil ou cinquenta mil vezes, praticando humildade e paciência, pela obtenção dos pequeninos triunfos do mundo íntimo, que somente nós próprios conseguimos avaliar, conquistaremos o burilamento do espírito, encontrando a palavra certa e a conduta exata, nas mais diversas situais variados problemas. Tudo é questão de início e o êxito depende da lealdade à consciência, porquanto exclusivamente aqueles que cultivam fidelidade à própria consciência é que se dispõem a prosseguir e perseverar
Retirado do “Livro da Esperança” – Autor Espiritual: Emmanuel – Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João cap. 8 v. 32.
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