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Maçonaria

Mentira

Em outras ocasiões já tivemos oportunidade de afirmar aqui que a Maçonaria é “progressista” porque “partindo do princípio da imortalidade e da crença em um princípio criador regular e infinito, não se aferra a dogmas, prevenções ou superstições”

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MAÇONARIA

Em outras ocasiões já tivemos oportunidade de afirmar aqui que a Maçonaria é “progressista” porque “partindo do princípio da imortalidade e da crença em um princípio criador regular e infinito, não se aferra a dogmas, prevenções ou superstições. E não põe nenhum obstáculo ao esforço dos seres humanos na busca da verdade, nem reconhece outro limite nessa busca senão o da razão com base na ciência.”

A “mentira”, então, é algo que se opõe totalmente a essa característica da Maçonaria e, desta forma, saber reconhecer a mentira é um meio caminho andado para encontrar a verdade. Mas o que é “mentira”? 

A definição de dicionário é que mentira é o “ato ou efeito de mentir; engano, falsidade, fraude”, assim como o “hábito de mentir”. Mentira é o “ato através do qual um emissor altera ou dissimula deliberadamente aquilo que ele reconhece como verdadeiro, tentando fazer com que o ouvinte aceite ou acredite ser verdadeiro algo que é sabidamente falso. Diferentemente do erro e do engano, a mentira supõe a intenção de dizer o falso, sendo por esse motivo moralmente condenável.”

Mentir, por sua vez, é a ação de “afirmar ser verdadeiro aquilo que se sabe falso”, assim como de “não revelar; esconder, ocultar”. Também se encontra definida como “a afirmação deliberada de uma falsidade, com o objetivo de enganar ou iludir um público.”

O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C) já se preocupava com a questão e distinguia duas espécies de mentira: a jactância, que consiste em exagerar a verdade, e a ironia, que consiste em diminuí-la. Por sua vez, o teólogo e filósofo São Tomás de Aquino (1225-1274) “diferenciava entre três tipos de mentira: a viciosa, que visa enganar por um fim vil mesmo; a oficiosa, que visa algum bem; e a jocosa, que visa divertir ou entreter.” Para ele, a mentira viciosa constituía “pecado mortal”, enquanto a oficiosa (por exemplo, mentir para salvar a vida de alguém) e a jocosa (ditas por brincadeira) seriam pecados leves e portanto perdoáveis. 

Immanuel Kant (1724-1804) considerado o principal filósofo da era moderna, acreditava que “aquele que mente, por mais com boas intenções que esteja ao mentir, tem de responder pelas consequências de sua mentira. Nas obras de Kant, a mentira é um tema recorrente porque ela corrompe na raiz todas as coisas humanas”, conforme explica o professor universitário Márcio Gonçalves, em seu artigo “Os filósofos e a mentira”. 

Para Kant, existem “imperativos hipotéticos”, que condicionam as ações humanas (SE eu quiser isso, ENTÃO devo fazer aquilo – “se eu quiser ser aprovado, então devo estudar”) e os “imperativos categóricos”, não sujeitos a qualquer condicionante, a exemplo dos deveres morais. “Quando digo “você não deve mentir”, não estou fazendo uma afirmação condicional. Não estou dizendo que você não deve mentir caso goste da pessoa ou queira agradá-la. Pelo contrário, em qualquer condição não deve mentir”, explica o articulista William Godoy, em “A mentira segundo Kant”.

Após explicar a diferença entre os imperativos hipotéticos e categóricos em um caso de dilema moral, Godoy conclui que “não podemos transformar a ação de mentir em uma lei universal, porque se isso acontece as pessoas não mais dariam qualquer importância ao que outras pessoas dissessem. Já nem mentir poderíamos mais, porque ninguém nos daria ouvidos.”

Kant, que afirmava que “duas coisas me enchem a alma de crescente admiração e respeito, quanto mais intensa e frequentemente o pensamento delas se ocupa: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”, pensava que os imperativos categóricos tinham origem na razão humana. Ele acreditava que havia uma lei moral dentro de cada pessoa, que cada ser racional seria capaz de reconhecer como verdadeira. Essa leia se resumia ao seguinte princípio: “age apenas segundo uma regra pela qual possas ao mesmo tempo querer que se torne uma lei universal”.

Ou seja, em última instância, idealmente a própria mentira tende a desaparecer por falta de quem acredite nela, o que evidentemente ocorrerá o quanto antes a verdade, por sua vez, se torne uma “lei universal” a orientar o pensamento e as ações das pessoas. 

Com informações de dicionário online Oxford Languages; filosofianaescola.com; medium.com; sbgdicionariodefilosofia e wikipedia.org.

Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])

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