Vimos na semana anterior que o conceito filosófico de livre-arbítrio vem sendo objeto de investigação desde a Antiguidade, evoluindo ao longo dos séculos, sem necessariamente alcançar um consenso na atualidade. Apesar das divergências conceituais, é possível afirmar que a questão do livre-arbítrio está diretamente relacionada à nossa compreensão da natureza humana e das consequências das nossas escolhas.
Como exemplo, imaginemos que uma pessoa tenha assumido o compromisso pessoal de ser vegetariano, sentindo que tomou uma decisão consciente e autônoma e que portanto está exercendo o seu livre-arbítrio. É de se esperar, contudo, que essa escolha seja resultante de outras escolhas prévias, por razões ambientais, éticas ou de saúde, o que por si só já estabelece contornos e limites à liberdade de escolha individual.
Essa mesma pessoa vegetariana pode, em algum momento após a sua livre escolha de ser vegetariano, encontrar-se na situação social de estar com outras pessoas, como em uma festa de família ou um jantar de negócios, em que poderá sentir a pressão para comer carne, seja para não parecer rude, seja para não causar alvoroço na situação social, especialmente se os outros ao seu redor estiverem comendo carne. Se ele permanecer firme em seu compromisso vegetariano, demonstrará que sua decisão inicial foi influenciada unicamente por suas convicções pessoais e não pela pressão social. Por outro lado, se ceder, terá paradoxalmente exercido a sua liberdade de escolha, o livre arbítrio para mudar de opinião, mas desta vez com novas premissas incompatíveis com as anteriores.
Este exemplo ilustra como os compromissos sociais e éticos podem influenciar o livre-arbítrio de um indivíduo em situações específicas. Embora a pressão social possa ser forte, o indivíduo ainda tem a capacidade de tomar uma decisão autônoma e seguir seus valores e princípios pessoais, ou, por outro lado, também exercer o livre-arbítrio de rever seus conceitos, simplesmente passando por um desvio momentâneo de conduta ou mesmo deixando definitivamente de lado o seu compromisso ético.
A responsabilidade e as implicações éticas do livre-arbítrio apontam para a importância da reflexão e da consciência na livre tomada de decisões, pressupondo que o indivíduo tenha a capacidade de escolher livremente entre diferentes opções e também seja capaz de sopesar as consequências de suas escolhas, considerando inclusive as pressões sociais.
A Maçonaria é uma organização fraternal que não tem uma posição oficial sobre o livre-arbítrio, reconhecendo que seus membros podem ter visões diferentes sobre esse conceito e outras questões filosóficas e religiosas. Contudo, por valorizar a liberdade de pensamento e a individualidade, a Ordem geralmente apoia a ideia de que cada indivíduo tem o direito de escolher seu próprio caminho na vida e tomar suas próprias decisões.
No entanto, a Maçonaria incentiva seus membros a seguirem um conjunto de valores morais e éticos elevados, incluindo a responsabilidade pessoal e a obrigação de agir para o bem da humanidade como um todo. Uma vez que os Maçons são incentivados a agir de acordo com esses valores e a considerar as consequências de suas escolhas, pode-se entender que não há um livre-arbítrio absoluto, mas uma limitação enfatizada pela importância da responsabilidade pessoal e do serviço à humanidade.
Em resumo, embora a Maçonaria respeite a liberdade individual de seus membros e não imponha uma visão particular sobre questões filosóficas, ela encoraja seus membros a agirem de acordo com aquele compromisso inicialmente assumido com o conjunto de valores éticos e morais que, em última instância, balizam a livre tomada de decisões que o levam a permanecer ou não sendo verdadeiramente Maçom.
Com base em openai.com, plato.stanford.edu, wikipedia.org e obras de J.M. Fischer, R. Kane, T.Pink, e S.Nichols/G.Caruso.
Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])