O ideal de “igualdade” é talvez o de mais complexa análise entre os três do lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Os conceitos da liberdade e da fraternidade – inclusivo no sentido da ausência de ambas — encontram-se mais ou menos arraigados no sentimento comum da humanidade civilizada. Em geral, as pessoas almejam ser ou permanecer livres, e os bons corações tem o desejo sincero de confortar-se no amor fraterno.
Mas, quantos há que realmente almejem ou tenham o desejo sincero da pura igualdade humana? Muitos até podem considerar-se um modelo para a humanidade, e querem mesmo que os outros sejam iguais a si. O nome disso é “vaidade”. Muitos até querem sinceramente ser iguais ao outro, desde que o outro tenha algo a mais. Mais beleza, mais inteligência, mais saúde e principalmente mais riqueza material. A isto se denomina “inveja”. Nenhum dos casos define a igualdade ideal.
Na Revolução Francesa, o lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” teve força e grandeza por demonstrar justamente o que estava em falta naquela sociedade, no sentido de que somente ocorre a igualdade “quando todas as partes estão nas mesmas condições, possuem o mesmo valor ou são interpretadas a partir do mesmo ponto de vista, seja na comparação entre coisas ou pessoas.”
Na justiça, a premissa de igualdade é que “todos os indivíduos, de uma determinada nação, por exemplo, estão sujeitos às mesmas leis que regem o país, devendo obedecer os mesmos direitos e deveres.” É o Princípio da Igualdade, aqui assegurado pelo artigo 5º da Constituição Federal do Brasil: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (…).”
Assim é que a vaidade e a inveja imperam quando a igualdade é compreendida somente do ponto de vista quantitativo, aritmético e material: “fato de não haver diferença quantidade”. Muito diferente é a sua compreensão do ponto de vista qualitativo, “fato de não se apresentar diferença de qualidade ou valor, ou de, numa comparação, mostrarem-se as mesmas proporções, dimensões, naturezas, aparências, intensidades; uniformidade; paridade; estabilidade.”
Já vimos que a Maçonaria tem entre seus princípios “a liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos, sejam eles instituições, raças, nações; a igualdade de direitos e obrigações dos seres e grupos sem distinguir a religião, a raça ou nacionalidade; a fraternidade de todos os homens, já que somos todos filhos do mesmo Criador e, portanto, humanos.”
Claro está, portanto, que para os Maçons a igualdade qualitativa é uma questão de princípios. A igualdade maçônica pressupõe a possibilidade, ou o ideal a ser alcançado, de que exista uma igualdade moral. E, neste sentido, talvez se aproxime mais do conceito de “equidade”, palavra com a mesma raiz etimológica (latim aequalitas, que quer dizer “aquilo que é igual”, “semelhante”), mas com o significado moderno de “apreciação, julgamento justo”, ou “virtude de quem ou do que (atitude, comportamento, fato etc.) manifesta senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos.”
Nos dizeres do autor espanhol Lorenzo Frau Abrines, “a Maçonaria reconhece que todos os homens nasceram iguais e as únicas distinções que admite são o mérito, o talento, a sabedoria, a virtude e o trabalho”.
Com base em informações de N. Aslan, Constituição Federal, dicionário Oxford Languages e significados.com.br.Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])