A capela sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá foi edificada em 1576, no mesmo lugar onde depois se construiu a Igreja Matriz, elevada em nível de Catedral quando da criação da diocese e posse do primeiro bispo residente, em 1963.
Tratando-se de portugueses, espanhóis e seus descendentes, todos católicos, nada mais natural que cogitassem de prover o novo aglomerado humano, de autoridade eclesiástica e construíssem um templo dedicado ao culto do orago escolhido – NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO – o que sucedeu em 1578, pela necessidade de socorros espirituais a uma população pelo povoado e sítios marginais da baía e rios que nela deságuam.
Em 23 de janeiro de 1655, apresentou-se na Câmara de Paranaguá, o padre Dionísio de Mello Cabral que havia sido nomeado primeiro vigário encomendado da Vila, por provisão passada pelo padre João da Rocha Ferraz, Vigário da Vila de Cananeia e visitador da prelazia de São Sebastião do Rio de Janeiro e, por isso, possuía primazia de jurisdição.
Em 5 de abril do mesmo ano, pela provisão eclesiástica passada por D. Antônio Mariz Loureiro, por mercê da Santa Sé Apostólica, prelado e administrador da cidade do Rio de Janeiro e sua prelazia e das capitanias da repartição do sul, referendou e confirmou o padre Dionísio de Mello Cabral no cargo de vigário.
A paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá foi criada em 1655, contando em 2024, com 369 anos de existência, sendo a primeira paróquia dedicada a Nossa Senhora do Rosário em território paranaense.
A nova igreja matriz
Em 29 de junho de 1857, dia dos Apóstolos Pedro e Paulo, foram transladadas todas as imagens da Igreja Matriz para a Igreja da Ordem Terceira da São Santíssimo Sacramento, a imagem de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da cidade, de São Francisco das Chagas, a fim de se dar início à construção da nova Igreja Matriz, que se achava em ruínas.
Em 24 de setembro de 1863, procedeu-se `bênção da nova Igreja Matriz e, com a provisão do Bispado de São Paulo, realizou-se no dia seguinte – 25 do mesmo mês – às 11 horas, a procissão solene de transladação, saindo da Igreja da Ordem Terceira para a nova Igreja Matriz.
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As ruas estavam alcatifadas de flores e folhas verdes, em diversas partes havia bandeiras de um lado e outro da rua; um arco em frente à casa do vigário; as casas dos cônsules embandeiradas e as embarcações surtas nos portos; os sinos de todas as igrejas anunciavam tão almejada transladação, foguetes, baterias, girândolas, se ouviram sucessivamente em quase todas as ruas e como porfia, mostravam o contentamento e alegria que reinava em todos os semblantes, espargindo-se em flores nos andores e pálio de todas as janelas que estavam aglomeradas de senhoras e meninas.
Ao meio-dia em ponto, abriu a porta do novo templo e a procissão, tendo feito o seu trajeto pelas ruas marcadas, fez sua entrada na Igreja Matriz e, nesse ato tocante, as vivas e demonstrações foram reproduzidas espantosamente, subindo ao ar um cem número de foguetes e uma girândola de 30 dúzias colocadas para esse fim, no largo da igreja.
Referências: Waldomiro Ferreira de Freitas – História de Paranaguá – das Origens à Atualidade, 1999, IHGP.