Joaquim da Costa Turíbio era um homem negro, gentil e bastante popular. Era proprietário de uma casa lotérica, situada à Rua São Francisco, em Curitiba, denominada “Casa da Fortuna”. Num certo dia, Joaquim Turíbio resolveu excursionar por todo o Brasil e seu objetivo era escrever um livro de impressões. Iniciou o trabalho, fazendo anúncios nos jornais locais, onde expunha suas ideias acerca do “Redemoinho Turíbio”. Realizava também, reuniões nas quais expunha os seus planos e ideias para realizar a excursão, na qual iria percorrer o comércio apresentando o seu livro de ouro. Para chamar a atenção do público, Turíbio inventou um traje próprio, consistia em um terno de brim na cor cáqui com grandes botões amarelos; nos ombros usava laços com as cores nacionais, chapéu alto da cor da roupa e sustentava em suas mãos um grande livro envolto nas cores verde e amarelo.
Por volta de 1904, a chegada de Turíbio foi anunciada em Paranaguá, através de um telegrama recebido pela redação do Jornal do Comércio. Turíbio chegou pelo trem e como se ninguém o esperasse, dirigiu-se sozinho para o Hotel Tristão. No trajeto, foi acompanhado por muitas crianças que ficaram admiradas diante de sua figura exótica e pelo seu divertido traje colorido. Chegando ao hotel, Turíbio de capacete na mão e com cabeça descoberta, mostrou-se de uma das janelas do hotel, agradecendo a recepção que recebeu do povo de Paranaguá. Alguns minutos depois, Turíbio segurando seu livro de ouro, saiu à rua, não esquecendo de deixar estendida na porta dos seus aposentos a bandeira nacional. Dali, visitou a redação do jornal e percorreu diversos estabelecimentos comerciais na rua XV de novembro, obtendo boas quantias.
Turíbio também se apresentou no Teatro Santa Celina. Ele surgiu no palco empunhando duas pequenas bandeiras, a nacional e a do Redemoinho. Gaguejou algumas palavras, expondo o seu plano de ação e em seguida, declarou que ia proceder a seção do troco miúdo, explicando a platéia, que “troco miúdo” era para: aqueles que não puderam assinar as quantias regulares no livro de ouro; dariam ali o que fosse possível, mas que receberiam, da mesma forma, o formidável livro de suas impressões sobre o Brasil. Em seguida, despediu-se e, novamente, foi acompanhado pelas crianças. Empunhando a bandeira do “Redemoinho “quando se destinava a tomar o barco para partir, parou para ouvir o Dr. Cesar Roque que demonstrou quais as vantagens políticas e sociais do Redemoinho Turíbio. Sua lancha partiu. Tempos depois, o Diário Popular de São Paulo noticiou a chegada de Turíbio, na capital paulista. Creio, ter sido esta a última notícia publicada sobre a personalidade do desfrutável de Joaquim Turíbio…
Referências
Acervo do IHGP. Revista Marinha, n.38, 1940.
Geovanny de Souza
Diretor da Biblioteca – IHGP biênio 2021-2022