As primeiras páginas continham versos manuscritos, poemas dedicados no ano de 1850, à dona do álbum por mancebos da sociedade local, quando ela tinha apenas onze anos.
As páginas seguintes eram decoradas com flores pintadas pela menina Iria, um deslumbramento! Flores antigas, algumas atuais, outras desaparecidas, com um colorido belíssimo, formando pequenos ramalhetes, tão perfeitos que pareciam exalar perfume. Uma preciosidade!
Desvendado o mistério do livro azul, o álbum foi fechado e cerrado com seu belo fecho filigranado em bronze, guardião do majestoso tesouro, e voltou para o seu lugar de destaque na sala antiga.
O tempo passou… A casa de Mariquinha e Carolina não existe mais… Um belo dia passeando pela cidade, vou visitar um antiquário aberto há pouco tempo, uma novidade na pequena cidade. Lá chegando entre os objetos expostos eis que me deparei com o álbum azul-marinho da Iria. Passado o primeiro momento de surpresa, interessei-me imediatamente por ele e o adquiri. Hoje ele ornamenta a minha sala.
(Excertos do Texto da Sra. Ilka Marques Munhoz, publicado em homenagem ao centenário do seu nascimento em 2012, gentilmente oferecido por seu filho, Manoel Eugênio Marques Munhoz em 2013, em Curitiba-Pr).
Com respeito e muito cuidado, EU tive em mãos “O Álbum de Veludo Azul-marinho de Iria Correia”. Folheei as suas páginas, com devoção, e registrei as imagens que tenho a satisfação de compartilhar com os parnanguaras, amantes da História e da Cultura e que devotam muito amor aos seus filhos queridos.
Deixo uma mensagem com as premissas que acredito. Uma sociedade que não preserva a memória da sua história é uma sociedade sem alma… Somente a Arte possui o poder de redimir a humanidade!
Gilka Correia
Centro de Letras do Paraná
Pesquisadora convidada do IHGP
