Fui ver o mar de perto por volta dos meus 10 anos. Fomos de caminhão, por una estrada de chão, até a praia de Caiobá. A Ponte sobre o rio Guaraguaçu ainda era de madeira. Era um domingo de verão. Minha ansiedade era tanta que nem me incomodava com os sacolejos do veículo.
Foi um piquenique organizado pelos empregados da empresa onde minha irmã trabalhava.
Aos sairmos de casa, minha mãe chorava e murmurava: não largue dele um só instante
Ao chegarmos, lembro que os adultos descarregavam carvão, gelo, carnes, Brahmas e gasosas.
À sombra de uma frondosa árvore os homens improvisaram uma churrasqueira, enquanto as mulheres levavam os familiares à praia.
Aquele cheiro de carne assada misturava-se à brisa marinha. Os homens? Bebiam e jogavam truco animadamente.
Celeni, minha irmã, não desgrudava de mim e coibia qualquer impulso meu de entrar no mar.
Toda aquela imensidão me fascinava.
Quem não deve ter aproveitado muito foi ela, sempre na minha cola.
Guardo tudo isso nitidamente na minha memória, sem conseguir identificar os personagens, pois eram praticamente distantes da minha convivência.
Talvez, para mim, foi essa uma das tardes mais marcantes da infância, ocasião em que pude me defrontar com a grandiosidade do oceano e do Todo Poderoso.
Stalin Grego Venet
Diretor de Patrimônio do IHGP
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