Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

À margem da grande baía, num lugar aprazível: A antiga capela de Nossa Senhora do Rocio

Ao longo do século XIX, viajantes e memorialistas descreveram sua impressão sobre a capela de Nossa Senhora do Rocio. A capela encantou o viajante Auguste Sant Hillaire que esteve em ...

Sucessão no IHGP

Sucessão no IHGP

Ao longo do século XIX, viajantes e memorialistas descreveram sua impressão sobre a capela de Nossa Senhora do Rocio. A capela encantou o viajante Auguste Sant Hillaire que esteve em Paranaguá, por volta de 1820. Saint Hillaire relatou que a capela do Rocio foi construída em um lugar solitário, de frente para o mar. Diante de sua porta, havia uma cruz sobre degraus de pedra e algumas palmeiras elevavam-se desordenadamente à beira da água. A presença de palmeiras de jerivás foi também destacada por Antônio Vieira dos Santos. Segundo o memorialista, por volta de 1850, a capela situava-se “à margem da grande baía, num lugar aprazível[…] em frente de seu frontispício se plantou uma fileira de formosas jerivás, o que realça ao longe a sua vista”. Alguns anos depois, entre 1858 a 1864, o linguista, pintor e botânico alemão Julius Plaztmann, que residiu na baía de Paranaguá também destacou a presença das palmeiras próxima a orla do Rocio. Plaztmann ficou encantando com as festividades do Rocio e com linda paisagem: “ao longo da orla marítima, tem lugar uma linha de palmeiras Jerivá, as mais belas e altas que aqui existem. Até ao meio de sua altura, […]vista-se o mar; então, em frente, surgem as montanhas com nuvens parecendo algodão pousando em seus cumes, lançando a vista às infinitas distâncias, acima, a abóbada celeste”.

Os relatos destacados se assemelham a representação da capela do Rocio, realizada pelo artista Alfredo Andersen. Na obra, Rocio no litoral, datada de 1896, a capela é representada de frente para o mar com a presença de quatro palmeiras na linha da orla. 

A capela do Rocio pode ter permanecido com esta estrutura e aparência externa até o início do século XX. Apenas em 1902, o vigário da paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, padre Sebastião Gastaldi, cumprindo solene voto feito de erigir uma nova igreja, apelou para Nossa Senhora do Rosário do Rocio que fizesse desaparecer a peste bubônica que ameaçava a população. Assim, foi lançada a pedra fundamental do atual santuário, feita com base na planta do pintor Alfredo Andersen. A torre foi inaugurada em 1920. Depois da sagração do altar, em 1922, o templo foi aberto ao culto. Benfeitorias e reformas posteriores ampliaram as dimensões do santuário, transformando no seu atual aspecto.

Priscila Onório Figueira

Historiadora- Departamento de História do IHGP- Biênio 2021-2022

Bibliografia utilizada

FREITAS, Waldomiro Ferreira de. História de Paranaguá: das origens à atualidade. Paranaguá: IHGP, 1999.

PLAZTMANN, Julius. Da baía de Paranaguá. texto traduzido, comentado e ilustrado por Francisco Lothar Paulo Lange. – Curitiba, PR: Edição do tradutor, 2010.

SAINT-HILLAIRE, Auguste. Viagem a Comarca de Curitiba (1820). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964. p. 170.
VIEIRA DOS SANTOS, Antônio. Memória Histórica de Paranaguá, vol. II. Paranaguá: IHGP, 2001.

Você também poderá gostar

À margem da grande baía, num lugar aprazível: A antiga capela de Nossa Senhora do Rocio

Fique bem informado!
Siga a Folha do Litoral News no Google Notícias.


À margem da grande baía, num lugar aprazível: A antiga capela de Nossa Senhora do Rocio

IHGP

O Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá (IHGP), divulga a cultura, história e geografia de Paranaguá e do Litoral do Estado do Paraná, sendo uma fonte de pesquisa para as diversas necessidades.