Enquanto a velha Europa encantava o mundo com as obras-primas dos gênios revelados durante a Renascença, deixando um vasto legado nas áreas de literatura, arte, ciência, política, educação, filosofia e religião, do outro lado do Atlântico, na maior colônia de Portugal, chegavam os primeiros povoadores nas terras ao sul de São Vicente e Cananéia. Esses pioneiros iniciaram um ciclo de riqueza material que se destacaria no futuro território paranaense.
Entre 1550 e 1560, partiu da capitania de São Vicente um grupo de colonos destemidos, movidos por sonhos de riqueza e poder. Eles enfrentaram diversos perigos em busca do lendário El Dorado, um lugar mítico repleto de campos de ouro e montanhas de prata, o “Éden dos metais preciosos”. Os desbravadores ocuparam a ilha da Cotinga e, sem saber se os carijós, habitantes locais, seriam hostis, ousaram cruzar rios como Almeidas, Guaraguaçu e outros, sempre com o objetivo de encontrar as riquezas prometidas.
Simultaneamente, outra expedição se dirigia à Serra Negra e à enseada de Antonina, então conhecida como Guarapirocaba. Esses colonos estavam certos do sucesso, pois sabiam da presença de ouro nas cabeceiras dos rios que desaguavam na baía de Paranaguá e na Serra da Prata. A perspectiva de enriquecer rapidamente os impelia a atravessar as vastas florestas, em busca de um paraíso perdido, como os tupis, que percorriam as selvas em busca da mítica “Terra Sem Mal”.
A tradição atribui a um “mulato de Paranaguá” a descoberta das minas gerais no século XVII, em terras que hoje pertencem ao Estado de Minas Gerais, iniciando um período de grande esplendor que faria o “País das Minas” a mais rica possessão portuguesa. Inacreditavelmente até o ano de 1820, o Brasil enviou 650 toneladas de ouro para Portugal, o que gerou muitas fortunas.
A primeira amostra de ouro brasileiro foi enviada a D. Henrique em 1580, originária de Paranaguá. Foi nesse território que começou o ciclo do ouro no Brasil colonial, e Paranaguá passou a ser considerada a “Precursora do período áureo colonial”.
Com o controle sobre a mineração centralizado em Paranaguá, o ouro extraído em estado bruto era fundido e a quinta parte era destinada à Coroa Portuguesa. Com a descoberta de minas maiores, Portugal impôs leis rigorosas para controlar as jazidas, restringindo o desenvolvimento do país por mais de cem anos.
A mineração em Paranaguá durou mais de um século, utilizando métodos rudimentares, e, ao longo do tempo, as grandes fortunas surgiram. Como era de praxe, a quinta parte do ouro pertencia à Coroa, enquanto o restante ficava com o minerador.
Já pensou leitor, que aquele riozinho do banho fresco no verão pode conter várias riquezas, eu sempre olho no fundo das pedras a procura daquela “faísca” dourada.
Referências:
RISSETTE , Carcina. Pguá, precursora do ciclo de ouro no Brasil. REVISTA TRIMESTRAL, Pguá, v. 1, n. 1, p. 1-10, 1 jan. 1953.