Em 1839, foi inaugurado em Paranaguá o primeiro teatro, construído especialmente para esse fim, com duas filas de camarotes e uma plateia inclinada, escavada abaixo do nível da rua. Nesse mesmo ano, o recém-formado Grêmio Dramático adquiriu e demoliu prédios para viabilizar a construção do Teatro Paranaguense, localizado na atual Rua Faria Sobrinho.
Entre os fundadores do teatro, destacam-se figuras como o tenente-coronel Manuel Francisco Correia e o comendador Manuel Antônio Guimarães. Durante quase meio século, o Teatro Paranaguense foi palco de importantes apresentações de companhias dramáticas e líricas da Corte, bem como de encenações realizadas por amadores locais.
Momentos memoráveis incluem a celebração do quinto aniversário do Club Litterario, em 1877, e a festa em homenagem à coroação de D. Pedro II, em 1841. As peças eram selecionadas com cuidado, e os registros indicam que as interpretações dos atores locais eram comparáveis às dos teatros da Corte.
O palco do teatro recebeu companhias renomadas, como as de Sales Guimarães e Leal Ferreira, com temporadas de sucesso. Entre 1863 e 1864, foram encenadas 28 peças, entre elas dramas como Amor e Honra e A Escrava de Guadalupe, que emocionaram a sociedade local. Comédias como O Eleitor e O Conde de Paragará garantiam risadas e se tornavam o assunto das rodas sociais.
Destaca-se também a apresentação da ópera bufa Cenerentola, de Rossini, uma das obras-primas da época. Ao longo de sua existência, o teatro encenou peças de Molière e do brasileiro Antônio José da Silva, o “Poeta da Inquisição”.
A Sociedade Filo-Dramática, que sucedeu o Grêmio Dramático, apresentou dramas marcantes, como Pedro e Nódoas de Sangue, sob a direção de nomes como José Pinto Júnior e Leocádio Pereira da Costa.
Com a Guerra do Paraguai, em 1866, o teatro entrou em declínio. A mobilização dos jovens para o front e o foco no esforço de guerra levaram ao abandono das atividades culturais. Após o conflito, o teatro reabriu, mas em 1884, com a inauguração do Teatro Santa Celina, o Teatro Paranaguense entrou em ruínas e foi fechado em 1887.
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Recentemente, li uma crônica que associava o cuidado com o teatro ao zelo pela cidade. Fica a questão: como está o teatro da sua cidade? Podemos conhecer uma cidade por meio de seu teatro.RIBEIRO, Anibal. Teatro Paranaense. Coisas Nossas, Paranagua, ano 1, v. 1, n. 1, p. 1007, 1 jul. 1966.