Conta uma antiga lenda indígena da terra paranista, que, certa vez, um forte e destemido índio do planalto, filho de audaz Cacique, pediu ao pai para descer a Serra a fim de conhecer o mar que tanto desejava.
Ao chegar ao litoral, junto aos carijós, seus amigos, acabou conhecendo e se tomando de amores por uma linda indiazinha morena, queimada pelo Sol. Amaram-se apaixonadamente e resolveram se casar, obtendo o consentimento dos pais dela. Para dar a grande notícia ao velho pai Tinguí e pedir-lhe a bênção, volta o valente índio aos seus pagos, feliz da vida.
Mas, o rude pajé, feiticeiro mau, cujo filho morria de amores e se vira desprezado pela indiazinha carijó, não se conformando com tal união a ser feita com o índio Tinguí, resolveu castigá-los, invocando os espíritos do mal para que transformasse o jovem par em duas pedras; mostrando assim a sua força. OS CARIJÓS, desolados com a perda de tão querida irmã, recorreram a Tupã, o grande protetor de sua raça.
O Grande Pai veio então em seu auxílio; porém, não podendo tirar de todo, o poder desse encantamento de Anhangá, a que ambos os amantes estavam condenados; conseguiu apenas atenuar o mal, transformando-os em duas bonitas e simbólicas árvores.
Ao bravo índio, deu-lhe a forma de um ereto e viril “pinheiro”. A bela e mimosa indiazinha, a de uma esbelta e graciosa “palmeira”.
Então, quando sopra o vento de terra, traz os suspiros do elegante “pinheiro” à sua bem-amada.
Quando, porém, a brisa marinha sussurra na copa da delgada “palmeira”, leva de volta os queixumes da bela enamorada.
E foi assim que surgiu o “Pinheiro” no planalto e a “Palmeira” no litoral. . . Correram os anos; a raça carijó se cruzou com o “cara branca” e nasceu o PARANÁ!
E, você caro leitor se identifica com a Palmeira ou com o Pinheiro.
VIANA, Manoel. O Pinheiro e a Palmeira. Coisas Nossas, Paranaguá, v. 4, n. 1, p. 119, 1 jun. 1971.