História, Memória e Patrimônio

O Eclipse em Paranaguá

Em setembro de 1858, a cidade de Paranaguá recebeu a visita da Comissão Astronômica, enviada por determinação do Imperador Dom Pedro II. O objetivo da expedição consistia em registrar um ...

ksovpy

Em setembro de 1858, a cidade de Paranaguá recebeu a visita da Comissão Astronômica, enviada por determinação do Imperador Dom Pedro II. O objetivo da expedição consistia em registrar um eclipse solar total, um fenômeno de extrema raridade que, naquela ocasião, coincidia com o aniversário da Independência do Brasil.

O referido evento possuía grande relevância simbólica. Além de sua raridade, sua ocorrência no dia 7 de setembro representava uma oportunidade ímpar para o Imperador celebrar a independência da nação e projetar o Brasil no cenário internacional dos estudos astronômicos.

Conforme relata a historiadora Christina Barboza, a primeira incumbência dos astrônomos, ao chegarem à cidade, foi identificar o local mais adequado para a instalação do observatório. Após cálculos meticulosos, concluiu-se que o jardim da residência do médico Carlos Tobias Reichsteiner, no Rio de Janeiro, era o ponto ideal, por estar situado próximo à linha central do eclipse.

Além disso, estabeleceram-se três estações de observação: uma na região serrana da Campina, também no Rio de Janeiro; outra na Ilha dos Pinheiros, localizada na Baía de Paranaguá; e uma terceira a bordo do vapor Pedro II, em alto-mar.

A chegada dos cientistas alterou a rotina pacata da cidade Mãe do Paraná, despertando a curiosidade de seus habitantes. A presença de estrangeiros e os preparativos para o eclipse entrelaçaram-se às celebrações da Independência, criando um ambiente de entusiasmo e agitação. Sob a liderança do astrônomo francês Emmanuel Liais, os pesquisadores participaram de eventos sociais organizados pela comunidade, incluindo um baile popular em homenagem à data cívica.

Na capital do Império, o Rio de Janeiro, o público acompanhava os desdobramentos da expedição por meio de notícias veiculadas em periódicos como o Jornal do Commercio e o Diário do Rio de Janeiro, ainda que com certo atraso.

O interesse pelo eclipse foi notável, tanto em Paranaguá quanto no restante do país, representando um marco na inserção do Brasil no cenário internacional da astronomia.

A imagem acima, registrada pela própria Comissão Astronômica, retrata a coroa solar observada durante a totalidade do eclipse, constituindo-se em um relevante registro histórico desse acontecimento singular.

Agora, caro leitor, imagine a emoção de presenciar um eclipse solar total, ainda mais em uma data de tamanha significância para a nação. Certamente, a pequena cidade de Paranaguá viveu dias de intensa euforia!

E, por fim, cumpre mencionar que muitos associavam o eclipse ao fim do mundo… mas essa é uma outra história.

Referencias:NASCIMENTO JUNIOR, Vicente. História Cronicas e Lendas: Eclipse em Paranagua. Paranagua: [s. n.], 1980. 411 p.

Você também poderá gostar

O Eclipse em Paranaguá

Fique bem informado!
Siga a Folha do Litoral News no Google Notícias.


O Eclipse em Paranaguá

Hamilton Ferreira Sampaio Júnior

Hamilton Ferreira Sampaio Júnior é pesquisador de história e genealogia, formado em Teologia e licenciado em História. Faz parte da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia e do Departamento Cultural do Club Litterario de Paranaguá, sendo também sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá. Atua em projetos históricos de resgate de memória, livros comemorativos e biografias, além de projetos museológicos e pesquisas documentais para segunda cidadania. Seu mais recente trabalho foi o livro comemorativo dos 100 anos da Associação Comercial Agrícola e Industrial de Paranaguá.