História, Memória e Patrimônio

FOLCLORE PARNANGUARA

Ao longo dos séculos, o caboclo do litoral desenvolveu um profundo temor pelo sobrenatural. Esse medo era transmitido de geração em geração por meio de histórias e lendas, que eram ...

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Ao longo dos séculos, o caboclo do litoral desenvolveu um profundo temor pelo sobrenatural. Esse medo era transmitido de geração em geração por meio de histórias e lendas, que eram cada vez mais enriquecidas pela imaginação popular. 

Entre as crenças, destacavam-se as “almas penadas”, espíritos de pessoas perversas ou amaldiçoadas que, nas noites de lua cheia, vagavam em uivos e lamentações, fazendo penitência por suas maldades. 

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O “Boitatá” era outro espírito temido, conhecido por seu olho de fogo que brilhava na escuridão e perseguia aqueles que vagavam à noite. 

A “mula sem cabeça” era uma criatura amaldiçoada, resultado de pecados relacionados a amores proibidos. Ela se transformava em um animal que corria pelos campos e matas, soltando faíscas com as ferraduras nas patas. Muitos afirmavam ter ouvido os cascos desses seres malignos, e aqueles que diziam ter visto algo sobrenatural eram respeitados. 

As “bruxas” eram temidas por sugarem o sangue dos bebês quando ficavam sozinhas. Para evitar isso, deixava-se uma tesoura aberta presa na corda da rede onde a criança dormia, acreditando-se que isso afastava a “bruxa” que sugava o sangue pela moleira da criança.

Outro mito era a “cobra caninana”, uma serpente não venenosa que entrava nas casas à procura de pequenos animais. A lenda dizia que ela se aproximava das mulheres amamentando para beber o leite. Acreditava-se que a cobra colocava a ponta da cauda na boca da criança para que o bebê não chorasse e não acordasse a mãe. 

O caboclo também temia o “mau olhado” de pessoas invejosas, que poderiam causar o ressecamento das plantas, a morte de animais ou a doença de crianças com um simples olhar. Para proteger os filhos, era comum costurar uma oração em um pedaço de pano e pendurá-lo no pescoço da criança, conhecido como “patuá”. 

Ainda sobre amuletos, usar dentes de alho ao redor do pescoço da criança também era uma prática comum para protegê-la de convulsões. Outra superstição envolvia a semente de “sapatina”, acreditando-se que ela afastava problemas relacionados à dentição. A sapatina é a semente de uma árvore chamada guapiruvu.

Assim, sem compreender a origem dos problemas, o cabloco atribuía seus males a forças sobrenaturais, alimentando o medo e a superstição. Embora para alguns seja apenas um dia comum, para outros, a sexta-feira 13 é uma oportunidade de se aventurar em atividades que desafiam suas crenças sobre a sorte e o azar, refletindo como as superstições antigas ainda têm um impacto cultural significativo. 

E você, caro leitor, vai evitar passar embaixo de escadas, nesta sexta-feira 13? Eu, podendo, dou uns passos a mais nos desvios. Vai que…Texto baseado nos originais de Vera Beatriz Ribeiro Langowiski, CRENDICES SUPERSTIÇÕES.

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Hamilton Ferreira Sampaio Júnior

Hamilton Ferreira Sampaio Júnior é pesquisador de história e genealogia, formado em Teologia e licenciado em História. Faz parte da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia e do Departamento Cultural do Club Litterario de Paranaguá, sendo também sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá. Atua em projetos históricos de resgate de memória, livros comemorativos e biografias, além de projetos museológicos e pesquisas documentais para segunda cidadania. Seu mais recente trabalho foi o livro comemorativo dos 100 anos da Associação Comercial Agrícola e Industrial de Paranaguá.