História, Memória e Patrimônio

Dom Pedro II em Paranaguá

Ahhh, Velha Paranaguá… Quem caminha por essas ruas antigas sente que o chão guarda segredos. Há algo no ar, nas pedras, no som dos sinos que parecem sussurrar histórias do ...

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Ahhh, Velha Paranaguá…

Quem caminha por essas ruas antigas sente que o chão guarda segredos. Há algo no ar, nas pedras, no som dos sinos que parecem sussurrar histórias do passado. E hoje convido você, leitor, a voltar comigo no tempo — até a tarde de 18 de maio de 1880.

Era por volta das 15h30 quando o Farol das Conchas anunciou a chegada dos navios Rio Grande e Guanabara, trazendo Dom Pedro II, a imperatriz e a comitiva imperial. A bordo, também estavam jornalistas prontos para registrar cada detalhe da visita, que marcaria para sempre a história da cidade.

Quando os navios se aproximaram, a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres saudou os visitantes com 21 salvas de tiros. Barcos menores levaram autoridades locais para recepcioná-los. Às 18h, o imperador desembarcou na Rua da Praia. Paranaguá estava em festa: aplausos, música, sinos e fogos.

O presidente da Câmara, Manoel Ricardo Carneiro, e o Dr. Leocádio José Correia fizeram discursos emocionados. Cerca de 2.500 pessoas acompanharam o cortejo até o Palacete Barão de Nácar, onde os monarcas se hospedaram. À noite, o barão ofereceu um banquete com convidados ilustres.

No dia seguinte, Dom Pedro visitou a Praça do Mercado, a Escola de Aprendizes Marinheiros, a Santa Casa de Misericórdia, assinou o livro de visitas do Club Litterario e conversou com alunos da escola de José Cleto da Silva. À noite, participou do Te Deum na Igreja Matriz, onde ouviu o sermão do padre Celso Itiberê da Cunha.

A princípio, ele seguiria para Curitiba no dia 20, passando por Antonina. Mas a companhia ferroviária pediu que presidisse à inauguração das obras. Dom Pedro recusou, prometendo voltar depois. O banquete que seria servido a ele foi oferecido aos trabalhadores da ferrovia — um gesto bonito de respeito a quem construía o futuro com as próprias mãos.

Na noite de 19 de maio, a cidade teve um baile de gala, promovido pela Câmara. Dom Pedro foi recebido ao som do Hino Nacional e dançou com jovens da sociedade, como Albertina Pereira. A imperatriz não compareceu por causa da chuva, mas o salão brilhou mesmo assim.

Na madrugada do dia 20, às 6h, a comitiva embarcou novamente no Rio Grande, rumo a Antonina. Muitas famílias foram até o porto se despedir — um adeus emocionado, cheio de gestos afetuosos.

E, como prometido, Dom Pedro voltou. Em 5 de junho de 1880, estava novamente em Paranaguá para inaugurar oficialmente os trabalhos da estrada de ferro Paranaguá–Curitiba.

Não é incrível pensar que essas pedras por onde andamos foram pisadas por imperadores, presidentes, senadores — e por tantos apaixonados por esta cidade, como eu e você?

Essas pedras não são só calçadas. São guardiãs da nossa história, da nossa memória, da nossa identidade.

LEITE, Zem. O Imperador em Pguá. Itiberê, dez25, p. 17.

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Hamilton Ferreira Sampaio Júnior

Hamilton Ferreira Sampaio Júnior é pesquisador de história e genealogia, formado em Teologia e licenciado em História. Faz parte da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia e do Departamento Cultural do Club Litterario de Paranaguá, sendo também sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá. Atua em projetos históricos de resgate de memória, livros comemorativos e biografias, além de projetos museológicos e pesquisas documentais para segunda cidadania. Seu mais recente trabalho foi o livro comemorativo dos 100 anos da Associação Comercial Agrícola e Industrial de Paranaguá.