Para aqueles que circulam pela cidade de Paranaguá, em frente ao Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR (MAE), na antiga Praça 29 de Julho, atualmente denominada Praça Mário Roque, é possível observar um chafariz de ferro com uma figura representando Dionísio ou Baco na parte superior. Esta figura parece estar contemplando ao longe, observando tudo ao seu redor. O chafariz marcou o progresso da cidade com a inauguração da distribuição de água encanada em Paranaguá. Inicialmente, foi colocado na Praça Pires Pardinho no Campo Grande, em frente à antiga Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá. Posteriormente, foi transferido para os fundos da Igreja de Nossa Senhora do Rocio, na Praça Luiz Xavier. Em 1998, por ocasião da celebração dos 350 anos da cidade de Paranaguá e da inauguração da nova Praça 29 de Julho, foi transferido para lá, onde permanece até os dias de hoje.
Convido o leitor a acompanhar-me em uma jornada até o distante dia 18 de janeiro de 1914, um domingo de verão, quando foi inaugurado o primeiro sistema de abastecimento de água de Paranaguá. Nesta ocasião, o prefeito Dr. Munhoz da Rocha abriu o registro geral do chafariz na Praça Pires Pardinho. Em seguida, discursou o Dep. Correia de Freitas, e foram distribuídos copos para que as autoridades se servissem do “precioso elemento”. A captação da água naquela época era realizada no manancial do Rio Santa Cruz, na Serra da Prata, distante 12 quilômetros do centro da cidade e a 140 metros de altitude.
O chafariz foi encomendado pela Prefeitura de Paranaguá em 1913 à “Fundição Indígena”, uma empresa brasileira responsável pela importação de diversas obras de arte daquela época.
O chafariz é uma obra da Fundição Val D’Osne, uma importante fundição francesa, e sua figura central foi criada por Mathurin Moreau, famoso escultor francês nascido em 1822. Talvez a maior curiosidade seja que o Brasil é o segundo país do mundo com mais obras da Val D’Osne e do renomado escultor Mathurin Moreau.
Existem dois exemplares deste chafariz no Brasil, um no Rio de Janeiro e outro em Paranaguá. Com isso, podemos perceber a importância deste monumento, que marca um momento significativo de nossa história, na jornada da cidade em direção ao futuro. Na França, esse mesmo chafariz é reconhecido como patrimônio cultural.
Convido o leitor a ir até a praça, visitar o chafariz, olhar para cima e, ao se aproximar de Dionísio, notar que ele está observando ao longe, em direção à entrada do Rio Itiberê, aguardando aquela brisa de esperança por dias melhores para a sua própria história.
Referências: PERIODICO A ILLUSTRAÇÃO BRAZILEIRA. Melhoramentos em Paranaguá. Paris, França, 16 de agosto de 1914. [Edição 126 (3) p. 300-303] Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.