Embora nem sempre mencionadas na história, as parteiras foram fundamentais para o nascimento de muitas crianças na cidade. Isso se deve ao fato de que, antigamente, não era comum que os médicos participassem diretamente dos partos, delegando essa responsabilidade às parteiras, exceto em situações de emergência. Nessas circunstâncias, os médicos intervinham; contudo, de modo geral, eram as parteiras que assistiam as mulheres no momento do parto.
Uma das parteiras mais renomadas foi Madame Estelfa, de origem polonesa, que auxiliou inúmeras famílias de Paranaguá no nascimento de seus filhos. Ela era diplomada e atuou entre 1923 e 1950, sendo muito requisitada. Outras parteiras também desempenharam papéis relevantes, como Guilhermina Gaida, que trabalhou entre 1945 e 1955; Ana Guasque, que atuou aproximadamente entre 1955 e 1975; e Dona Zezira, conhecida como “Mãe Nenê”, que trabalhou nas décadas de 1970 e 1980.
Madame Estelfa consolidou-se como responsável pelos partos na cidade. “Acredito que o título de ‘madame’ seja fruto do respeito pela profissão que ela exercia. Ela trabalhava em Curitiba, mas, ao casar-se com o comerciante Sr. Afonso Manso, mudou-se para Paranaguá. Era comum vê-la sempre bem vestida, com o rosto corado e cabelos castanhos claros, quase loiros. Diariamente, ela visitava as gestantes da cidade, acompanhando-as e realizando os partos. Centenas de conterrâneos nossos vieram ao mundo por meio de suas mãos.”
Essas mulheres foram figuras centrais na comunidade, responsáveis por trazer ao mundo novas gerações na Cidade Mãe do Paraná. Muitos nasceram sob os cuidados dessas hábeis parteiras.
O Dr. Joaquim Tramujas, em discurso no Centro de Letras, mencionou algumas dessas parteiras, como Catarina Calonassi, que, segundo ele, “possuía muita prática, sempre desempenhando sua função com elevado critério profissional. Embora eu não saiba se ela possuía diploma de enfermeira obstétrica, tenho certeza de que executava seu trabalho com dignidade e extremo zelo”. Em seguida, o médico descreveu sua própria experiência:
“Naquela época, ainda não havia maternidades, e todos os partos ocorriam nas residências das famílias. Curiosamente, a maioria acontecia à noite, algo que a medicina não explica. Assim, a presença das parteiras e o aroma de incenso eram constantes em nossas vidas e povoavam nossas memórias de infância. Uma das mais antigas parteiras era uma senhora negra, já idosa, de cabelos brancos e que vestia uma bata branca com rendas”.
Ela residia em uma casa na Rua do Fogo, atualmente chamada de Vieira dos Santos. Seu nome era Nhá Eva.
Essas mulheres foram verdadeiras heroínas, desempenhando um papel essencial na sociedade ao longo de muitos anos.
Eu, ao nascer, já fui assistido por médicos. E você, caro leitor, conheceu alguma parteira?
TRAMUJAS, Joaquim. Rev do C de L de P.: [s. n.], 1977 p. v. 3.