A Confederação Geral dos Pescadores do Brasil decidiu homenagear o centenário da Independência organizando uma viagem de pescadores até o Rio de Janeiro, capital federal da época, a condição era de que o percurso fosse realizado em canoas. Em agosto de 1922, o Capitão Tenente Armando Pina de Paranaguá enviou um telegrama ao Rio de Janeiro informando que pescadores de diversas cidades do Paraná haviam decidido participar da travessia. O Capitão-Tenente Dídio Costa, responsável pela Escola de Aprendizes de Marinheiros em Paranaguá, assumiu a organização da expedição, com o apoio da população e das autoridades locais, selecionando dez pescadores parnanguaras para a viagem.
As canoas escolhidas, batizadas de “Paraná” e “Paranaguá”, foram preparadas com mastros e velas, e os recursos necessários foram angariados pela comunidade. No dia 7 de setembro de 1922, diante de uma multidão, os canoeiros partiram de Paranaguá em direção ao Rio de Janeiro. Durante a jornada, enfrentaram condições climáticas adversas, mas, com coragem e determinação, contornaram a costa e chegaram ao destino no dia 23 de setembro.
A travessia de 450 milhas foi concluída em 16 dias, um feito que ressalta a determinação dos canoeiros. Ao chegarem ao Rio de Janeiro, foram calorosamente recebidos pelo povo carioca e por autoridades, incluindo o presidente Epitácio Pessoa. O retorno a Paranaguá foi realizado por meio de navio, e os canoeiros foram acolhidos com aplausos e homenagens.
Em Curitiba, as canoas foram exibidas no Passeio Público, e os jornais locais promoveram concursos literários e campanhas de arrecadação para premiar os canoeiros. A bravura desses homens simples do litoral paranaense foi celebrada como um exemplo de amor à pátria, deixando um legado de heroísmo que foi registrado por poetas e cronistas da época.
Imagine caro leitor 16 dias de viagem, enfrentando tempo ruim e intempéries, você teria coragem de acompanhar estes intrépidos homens, eu confesso que eu não teria como ficar 16 dias no mar.
FERREIRA DE FREITAS, Waldomiro. História de Paranaguá das Origens à Atualidade. 1. ed. Paranaguá: Gráfica e Editora Vicentina Ltda., 1999. 556 p. v. 1.