Ignorância
Pesquisa recente, de fonte fiel, mostrou 82% da população contra o governo de Michel Temer, índice que só era obtido pelo Demônio, quando este parecia risonho e franco, antes de Montaigne. O brasileiro, enfim, perdeu a esperança. Nada acontece nos últimos dois anos que possa dar-lhe ao menos a sensação de que podemos ter encontrado um caminho para sair da crise. Nada. As notícias são péssimas em todos os fronts. Na política, a percepção de que tudo foi contaminado pela corrupção. Agora, ao olhar do povo, o tucanato se equipara ao petismo e ao PMDB depois da exposição de seu presidenciável, Aécio Neves, a pedir propinas disfarçadas em transações de imóveis. Vergonhosamente medíocre.
Trocou-se de presidente. A uma personagem tosca, atrapalhada, de peça de Arthur Azevedo, seguiu-se, em aparência, ao menos, uma personagem tétrica de Edgard Allan Poe. Na prática, para os desempregados, os que tiveram salários achatados, os que veem os filhos roubados pela droga, nada mudou. Pior, o esforço para vender uma perspectiva otimista feita pela equipe econômica de Henrique Meirelles não derruba o desemprego, a fome, a criminalidade e todos os efeitos colaterais perversos da crise.
Requião se oferece
Roberto Requião entrou com contato com a família de Rodrigo Rocha Loures, o sujeito que correu com uma mala de dinheiro pelas ruas de São Paulo, para se colocar à disposição a depor como testemunha de defesa do ex-deputado. O senador paranaense conhece a família do ex-parlamentar há tempos. “O Rocha Loures que conheço é um rapaz correto”, justifica Requião.
Boca fechada
Rodrigo Rocha Loures optou por ficar em silêncio durante seu depoimento na Polícia Federal. O advogado Cezar Bitencourt, que defende Loures, afirma que o ex-parlamentar só foi preso para delatar. Ele considera a detenção “equivocada, desnecessária e fundamentada, pelo digno ministro Edson Fachin, em fato errado”.
Pelas reformas
Intensos debates sobre questões cruciais que o Brasil está vivendo, entre elas as reformas política, trabalhista e previdenciária, a crise econômica que assola o País e as contas públicas de Estados e municípios, em sua maioria falidos, marcaram a 21.ª Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (CNLE) que chegou ao fim na sexta-feira, em Foz do Iguaçu. A maioria dos palestrantes e participantes concluiu pela necessidade e urgência das reformas.
Fundo do poço
No fundo do poço, agônico, o distinto público recebe de Meirelles a notícia de que a recessão parece estancar, mas sabe ele que não fossem as commodities estaríamos fritos. A salvação foi a lavoura. O agronegócio impediu desastre maior e os remédios amargos estão a caminho para serem administrados na marra, como dose cavalar de óleo de rícino a ser aplicada a um enfermo terminal. A reforma da Previdência, a reforma das leis trabalhistas e outras iniciativas mal postas e mal compreendidas afetam sim a vida dos brasileiros. E não adianta tentar enganar a todos o tempo todo.
A classe média estrila. Se sente ultrajada diante de um acordo de leniência que entregou a um grupo de escroque uma fortuna de bilhões de dólares em troca de serviço sórdido de indução e gravação de um presidente da República que se mostrou, além de tudo, incompetente para gerir até mesmo sua vida pública ao receber em horas tardias bandidos em sua residência oficial para uma conversa que o incrimina como prevaricador e também como néscio.
Vez do Ratinho
De olho nas eleições do ano que vem, a bancada do PSB na Assembleia Legislativa já se reuniu com o ex-senador Osmar Dias, do PDT, com a vice-governadora Cida Borghetti, do PP; e na segunda-feira irá visitar o secretário Ratinho Júnior, do PSD, três pré-candidatos ao governo do Estado. No caso especifico de Osmar, o pedetista já foi, por diversas vezes, convidado a ingressar no PSB.
Mudanças
A Companhia Paranaense de Gás – Compagás – tem novo presidente. O ex-secretário do Meio Ambiente, Jonel Iurk, assume o cargo em substituição a Fernando Ghignone, que deverá compor o secretariado de Beto Richa.
Temer pede água
Numa tentativa de evitar a saída do PSDB de sua base, o presidente Michel Temer telefonou para governadores tucanos, entre eles Beto Richa, do Paraná. nEssa é a parte mais simples da tarefa. Difícil será conter o movimento dos deputados do partido, que gritam para quem quiser ouvir que desejam abandonar a base aliada.
Saiu
O advogado Cezar Bittencourt deixou nesta quarta-feira, dia 7, a defesa de Lúcio Funaro. Como se sabe Bittencourt é contra o acordo de delação premiada e Funaro dá sinais de que quer falar.