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Escrevia sobre sonâncias interiores  Que lutam contra as vertigens cinzentas  De um dia ruim. Sem abrigo, sem proteção, Sem render-me nunca à prova de um lugar  Quase sempre oposto aos ...

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Escrevia sobre sonâncias interiores 

Que lutam contra as vertigens cinzentas 

De um dia ruim.

Sem abrigo, sem proteção,

Sem render-me nunca à prova de um lugar 

Quase sempre oposto aos horizontes

Que vislumbrei do perímetro daquela janela para o infinito. 

Escrevia e amava na dominação de um pensamento que não me abandonava.

Era minha voz crescendo, gritando…

Procurando no passado a chave para fugir. 

Escrevia para aquele momento certo, 

O único pelo qual valia a pena viver,

Enquanto andava à noite procurando olhos capazes de me entender.

E então, enquanto a estrada cruza as diversidades de mãos

Que já não sabem orar, eu chegava àquela encruzilhada.

Um cruzamento, uma passagem, uma fenda…

Um rasgo para transformar a vida,

Num bater do coração.

Autoria: Juciane Afonso

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