Vamos falar de respeito. E principalmente a falta que ele faz nos dias de hoje. Basta uma análise e concluímos que os males que nos afligem: violência, usurpação de direitos, dramas ecológicos, etc., etc. resultam da falta de respeito. A impressão que se tem é que as pessoas num estado de extrema tensão vivem com os nervos à flor da pele e nada toleram, nada relevam. Sempre a ofensa na ponta da língua ao mais leve descuido, o gesto brusco e impaciente ao mais simples engano. Nas estradas ninguém quer ficar para trás e a loucura das ultrapassagens faz tantos pararem para sempre. Nas ruas, a apreensão, o medo de atravessar ruas porque os “pilotos” frustrados sentem-se fortes e poderosos por fazerem com o pé no acelerador o que as suas cabeças vazias não conseguem fazer na escola, no trabalho ou na vida social. Nas casas comerciais os fregueses sempre com pressa e impacientes veem e tratam balconistas como se fossem escravos ou seres sem importância – destituídos de coração e, por isso, não sofrem a humilhação com quem são tratados. E por quê? Porque pessoas se julgam superiores porque ganham mais ou desfrutam de regalias e andam por aí como seres de outras esferas, sem respeito, sem consideração a nada, a pessoa, a sinais de trânsito, a avisos, num constante desacato! E o pior é que muitas dessas pessoas inculcam em seus filhos as mesmas ideias de superioridade e vemos repetidos os dolorosos quadros: alunos afrontando professores; crianças desrespeitando pessoas idosas, a destruição de árvores de praças e avenidas pelo prazer da maldade. Mocinhos vaidosos satisfeitos com o “som” de seus carros querem que o mundo todo participe dos seus gostos musicais e percorrem ruas com o volume do som totalmente aberto. Os homens de indústrias precisam manter sempre altos os seus rendimentos e pouco lhes importa que seus restos matem rios, dizimem peixes e deixem faminta uma população inteira. Ah! Como Deus deve estar decepcionado com os homens! Talvez tenha se arrependido de privilegiar essas criaturas com o livre arbítrio e contemplar de cima tantos desatinos…
Ivone E. Marques