Por: Kátia Muniz
Viajar é ótimo! O ato faz com que a gente se desprenda um pouco de nós mesmos a ponto de assumirmos um outro eu. Num lugar em que somos anônimos, permitimo-nos fugir da nossa rotina cotidiana e de nossos hábitos previsíveis.
Em cena, esse novo “eu” surge para que arrisquemos passos de um tango sem nunca termos dançado. Assim como podemos nos aventurar dentro de um bote num rio com correntezas ou ainda mergulhar com o propósito de observar como é a vida submarina, escalar montanhas, passear de buggy nas dunas, querer tocar berimbau, andar a cavalo, quem sabe de camelo. O fato é que viajar promove em nós atitudes que chegam a causar surpresa a ponto de não nos reconhecermos.
E não nos reconhecendo a gente continua experimentando. Provamos comidas exóticas. Exageramos em temperos desconhecidos. Aguçamos o nosso paladar e vamos descobrindo sabores.
Descobrimos também que o não compromisso com o relógio pode ser altamente benéfico. E aí, tanto faz se acordamos cedo ou tarde ou se vamos para cama justamente na hora em que o sol desponta. Viajar faz com que fiquemos mais flexíveis.
Essa flexibilidade acaba permitindo que façamos novas amizades e que possamos conversar sobre diversos assuntos, sem dar tanta importância se a pronúncia está certa ou errada. Seguimos nos comunicando e aprendendo.
Aprendemos que viajar é sinônimo de não ficar parado. Dessa forma, libertamo-nos de certas amarras, entregamo-nos ao desconhecido e o que a nós se apresenta.
Viajar é soltar um grito de liberdade.
Liberdade para andar sem pressa na chuva. Tomar um banho de mar noturno. Fazer longas caminhadas e seguir viagem conhecendo inúmeros lugares, apreciando as paisagens, adaptando-se a outras culturas, padrões, povos e civilizações.
Viajar é carimbar um passaporte em que se permite ousar, arriscar, descobrir e se aventurar.
Todavia viajar também implica em um retorno. É ao fechar a conta da hospedagem que se vê o prenúncio do ponto final. Arrastam-se as malas, cheias das lembranças vividas e também das compradas. No entanto, são as bagagens interiores que trazem as preciosidades. Essas costumam vir recheadas de novidades e muitíssimas histórias para contar. Porque nenhuma viagem nos deixa voltar do mesmo modo que fomos.