Por: Kátia Muniz
Volta e meia atrevo-me a fazer passeios que promovem um contato maior com a natureza. Mas lá pelo terceiro dia: help! Tirem-me daqui!
Isso acontece todas as vezes que vou a um Hotel Fazenda, por exemplo. Na chegada, tudo ótimo. Ambientação do local, reconhecimento da área e uma leitura da programação no painel para saber o que há para se fazer ali.
Cavalgada, pescaria, tirar leite das vacas às 6h30 da matina, ver patos, galinhas, ovelhas, passeio de pedalinho, alimentar os peixes, e caminhar, caminhar, caminhar pelas trilhas.
Imaginando-me nessa situação por partes: cavalgada, nunca fiz. E presumo que não farei minha estreia tão cedo. Pescaria, juro, já tentei, mas não tenho a menor paciência. Tirar leite das vacas. Nesse horário? Às 9h seria ótimo! Sei, sei, nessa hora já estão todas devidamente ordenhadas. Patos, galinhas e ovelhas. Suponho que não sejam tão diferentes dos que eu já conheço. Passeio de pedalinho, fiz uma única vez. E prometi a mim mesma que nunca mais repetiria o programa. Você morre de pedalar aquilo e ele avança meio centímetro. Meu preparo físico não permite tamanho esforço. Alimentar os peixes. Não gostaria de me sentir, em parte, responsável pela obesidade dos peixinhos. Caminhar, tudo bem, com maior gosto. Há sempre belas paisagens e umas cachoeiras pelo caminho que valem as exclamações: Ohhhh!!!
Tênis, roupa confortável, repelente em algumas partes do corpo e … uhuuuu, lá vou eu.
Ao final do primeiro dia, já caminhei tudo que caminharia ao longo da vida. Vi vários beija-flores e diversos pássaros. Com o decorrer da semana, já sou quase uma ornitóloga.
As atividades infantis são muito mais agitadas: teatro com bonecos, filmes, cama-elástica, várias brincadeiras, piquenique e baladinha. Uma pena eu não ter nove anos.
Mas as refeições desses lugares costumam ser um capítulo à parte, e sou chegada a uma boa mesa. Um pouquinho disto, um pouquinho daquilo e mais um pouco daquele outro ali. Pronto! Passarei longe da balança nos próximos dias.
Caro leitor, não me interprete mal, pois gosto da natureza sim. Porém, conforme o tempo vai passando, já tendo mantido contatos intensos com a fauna e a flora, começo a sentir falta dos barulhos dos carros, do telefone tocando, do blá-blá-blá com as amigas, da minha casa, do meu computador, das vitrines das lojas, da urbanidade.
Fazer o quê? Sou urbana, não adianta.