Por: Kátia Muniz
Hoje em dia, é muito fácil saber quantos amigos nós temos. Basta abrir as redes sociais. Estão todos contabilizados, veja: em uma, 4.898; em outra, 10K. Gente à beça.
Repare como são pessoas bem resolvidas. Trabalham, estudam, viajam, sorriem nas fotos, compartilham pratos saborosos e, o melhor de tudo, estão ao seu alcance, bem na palma da sua mão. Que maravilha!
Essa facilidade faz com que a interação seja frequente, ou seja, receba chuva de “likes”, perguntas nas caixinhas dos stories, palpites e sugestões sobre vários assuntos. Tudo isso faz crescer a sensação de intimidade, mesmo que nenhum encontro presencial tenha de fato ocorrido.
Então, eis que o seu automóvel quebra. Para agravar a situação, chove demasiadamente e daqui a duas horas terá um compromisso inadiável. Chamar um carro de aplicativo seria a solução mais prática. Não acha? Não, não acha. Hoje, você não quer praticidade, muito pelo contrário, encasquetou que alguém pode lhe socorrer no meio do apuro que está vivenciando. Afinal, não é para isso que também servem os amigos?
Primeiro confere a rede em que constam 4.898 amigos, enquanto surge no rosto a fisionomia do desapontamento. Ainda resta a outra, com 10 mil seguidores, tenha fé. Sim, a lista continha pessoas para as quais seria possível ligar. No entanto, nenhum dos TRÊS amigos atendeu. E, vale ressaltar que, isso em hipótese alguma os coloca no degrau de malvados ou insensíveis. Estão ocupados e, assim que a agenda permitir, com certeza, retornarão à sua ligação.
Todavia, o questionamento ainda paira no ar: Quantos amigos você tem?
Por acaso, você já brincou de “pergunta puxa pergunta”? Vamos lá: Quem é capaz de suportar a sua felicidade e vibrar na mesma frequência? Quem oferece colo nos momentos difíceis e sabe, como ninguém, quando os puxões de orelha são necessários? Pense e responda com toda a sinceridade.
Muito provavelmente são as mesmas pessoas a quem liberamos o acesso das dores que escondemos embaixo da pele. A quem fornecemos a senha da porta que abrirá não só o ser humano moldado para viver em sociedade, mas dos outros “eus” que nos habitam e que nem sempre são merecedores de aplausos.
Números nas redes sociais servem para alimentar egos e vaidades. Amigos verdadeiros, faça as contas, são poucos.