Por: Kátia Muniz
Trinta e seis anos depois, Maverick está de volta. Codinome dado ao personagem Pete Mitchell, interpretado pelo astro Tom Cruise na franquia Top Gun.
Top Gun: Maverick estreou com holofotes e burburinhos já esperados. De um lado, a crítica o exalta; do outro, discursos ferrenhos afirmam existir “masculinidade excessiva” e “testosterona demais”.
Penso com meus botões: “São muitos homens, aviadores da Marinha, em um ambiente, tipicamente, masculino e competitivo. Portanto, há de se esperar o quê?”
Tem-se a entrada de uma única pilota, interpretada pela atriz Monica Barbaro, para o time dos rapazes, sinalizando que há espaço para as mulheres nessa profissão. Além disso, no filme, em momento algum há falas ou atitudes que menosprezem a capacidade e a competência da personagem; muito pelo contrário, ela é tratada em pé de igualdade. Mas, o território é predominantemente masculino.
Afinal de contas, que mal há em transbordar testosterona?
Top Gun: Maverick não veio para inflar as falas feministas, discutir questões e temas. É um filme, puramente, para o entretenimento. Uma carta de amor à década de 80.
Logo nos primeiros acordes da música de abertura, somos convidados a voltar alguns anos, precisamente, em 1986. O passado faz ronda em fotos relacionadas ao primeiro filme, em flashbacks e até na reprodução de algumas cenas.
O ator Val Kilmer faz uma participação especial. Em 2014, ele foi diagnosticado com câncer de garganta e, nos últimos anos, precisou ser submetido a uma traqueostomia que resultou na perda da voz. No filme, a parte em que ele e Tom Cruise trocam um abraço é tão verdadeira e sentimental que derruba qualquer indício de atuação. Há emoção escapando pelos poros e isso fica visível em tela.
Percebe-se que Tom Cruise estava nostálgico. Resgatou objetos como, os óculos (modelo aviador), a jaqueta, entre outros. Dessa forma, achou o equilíbrio perfeito entre passado e presente.
Entregou um filme com uma fotografia exuberante, adrenalina supersônica, elenco afinado e nos pegou pela mão por duas horas a fim de que a gente pudesse esquecer, um pouco, um mundo chato e muitas vezes cheio de mi-mi-mi dos dias atuais.