Por: Kátia Muniz
Consta no dicionário Houaiss que o vocábulo “guerreiro” significa: aquele que se empenha intensamente para conseguir o que quer; batalhador, lutador.
O fato é que essa palavra costuma ser muito usada para qualificar a mulher nos dias atuais.
Somos guerreiras. Mulheres que organizam o mundo. Começando, obviamente, pelo próprio lar.
Não importa quantos moradores habitem sob o mesmo teto, havendo uma mulher, ela será a responsável por manter a harmonia, a despensa abastecida, o cardápio semanal do almoço e do jantar e tudo que faz parte da rotina de uma casa.
Caso ela trabalhe fora, há duas opções: delegará as tarefas, muito provavelmente, para outra mulher ou assumirá os afazeres depois de cumprir a jornada de um longo dia de trabalho. De qualquer forma, essa mesma mulher não se isentará de pensar e programar a logística que um lar exige.
Como temos a capacidade de fazer múltiplas tarefas ao mesmo tempo, não raro vamos acrescentando outras responsabilidades. Afinal, somos guerreiras, não fugimos dos embates, não abandonamos nosso território, lutamos com as armas que temos sem dispensar o batom nos lábios.
Parece tudo muito bonito. Temos o dia oito de março para celebrar nossas conquistas e mais 364 para continuarmos no campo de batalha.
A sociedade apoia e incentiva a nossa luta desde que não desobedeçamos à cartilha dos bons costumes e das regras impostas.
Transgredir significa receber da sociedade um olhar acusador, mesmo que não nos coloquem para sermos apedrejadas em praça pública, teremos que lidar com as consequências das nossas escolhas e com a fúria do ódio e do julgamento nas redes sociais. As redes são a nova praça pública em que não faltam juízes, mestres em apontar as falhas alheias sem se dar conta das próprias.
Sabemos da força que temos, porém ser forte o tempo todo é exaustivo.
Não se engane, por trás da fortaleza há um ser humano tentando colar os caquinhos internos, pois nem tudo que se quebra promove barulho externo.
Que tenhamos sabedoria para filtrar os discursos que inflamam e incentivam práticas que, na realidade, vão nos soterrar ainda mais em abismos. Assim como, entender que negligenciar o pouco de cavalheirismo que ainda resiste em tempos tão áridos, não fará de nós seres menores.
A força da mulher é inerente a ela, mas é importante que tenhamos ao nosso redor pessoas que nos forneçam apoio, companheirismo, acolhimento e aliviem o fardo dessa obrigação absurda e humanamente imposta de que, pelo fato de sermos mulheres, temos que segurar os desmoronamentos do mundo.