Crônicas

Feche os olhos e tchibum

Depois de uma semana puxada de trabalho, finalmente, chegou o domingo. Dia de ir à piscina do clube

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Depois de uma semana puxada de trabalho, finalmente, chegou o domingo. Dia de ir à piscina do clube.

Clube é clube, de Norte a Sul do país, podem-se encontrar algumas modificações estruturais, para mais ou para menos, mas geralmente estão lá os guarda-sóis, as mesas, as cadeiras e as disputadas espreguiçadeiras, tudo, claro, com o número insuficiente para as pessoas que o frequentam.

Já sabendo desse grande detalhe, você que é muito esperta, chega cedo para garantir seu lugar ao sol, ou melhor, debaixo do guarda-sol. Acomoda seus apetrechos, lambuza-se de protetor solar, coloca um chapéu na cabeça, óculos escuros e, achando que ninguém vai reconhecê-la com todo esse disfarce, mergulha. Não na piscina, mas em um livro que anda doida para ler. “Oi querida, é você que está aí?”. Pronto. Adeus leitura. Feche o livro, pois a mulher à sua frente comeu um papagaio no café da manhã. Blá-blá-blá-blá.

As crianças começam a chegar, e o clima de colônia de férias toma conta do lugar. Alvoroçadas, saltam na água espalhando-a para todos os lados. Os meninos fazem guerrinha com as pistolas de água, mas são péssimos em acertar o coleguinha que está a meio centímetro de distância, em compensação, são ótimos em acertar você que, toda respingada, tem a absoluta certeza de que a mulher repetiu o café da manhã: comeu dois papagaios.

Papai e mamãe não colaboram com o espaço físico e trazem para seus pimpolhos aquelas boias enormes, em formato de jacaré, de tubarão, de joaninha, de abelha, de carrinho e de não sei mais o quê. A piscina vira uma alegoria. E mesmo que aquela criançada passe o dia ali, você não vê nenhuma se dirigir ao banheiro. Adivinhe onde elas se resolvem?

“Não se preocupe, querida. O cloro mata os germes”, diz a mulher-papagaio.

Bateu a fome na criançada. Hora do lanche: picolé, batata frita, cachorro-quente e refrigerante. Dali deveriam seguir todas para um exame de colesterol.

Mas você resolveu pagar os seus pecados e, às 15 horas, continua firme. Conseguiu, depois de muito custo, livrar-se da mulher-papagaio, ainda devorou um X-salada de almoço e percebeu que a água, que às 10 horas era transparente, agora está turva. Melhor não pensar muito sobre isso.

A piscina está apinhada de gente. Ninguém nada, porque não há espaço, então todo mundo vai se apertando ali naquele panelão de água fervente. 

Mas depois de passar parte do dia derretendo embaixo do guarda-sol, resolve entregar os pontos, afinal é preciso fazer jus e aproveitar o verão, que é sempre essa delícia! Fecha os olhos e, corajosamente, tchibum. 

Feche os olhos e tchibum

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Feche os olhos e tchibum

Kátia Muniz

Kátia Muniz é formada em Letras e pós-graduada em Produção de Textos, pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (hoje, UNESPAR). Foi colaboradora do Jornal Diário do Comércio por sete anos, com uma coluna quinzenal de crônicas do cotidiano. Nos anos de 2014, 2015 e 2016 foi premiada em concursos literários realizados na cidade de Paranaguá. Em outubro de 2018, foi homenageada pelo Rotary Club de Paranaguá Rocio pela contribuição cultural na criação de crônicas.