Não se engane! Fique ciente de que filhos reconhecem quando o pai faz figuração dentro de casa. Aquele sujeito que pouco sabe sobre os rebentos e, na sua visão, supõe que a simples pergunta “se vão bem na escola” é suficiente para mostrar que se importa.
Rotineiramente, sai cedo de casa e volta tarde, exausto, sem ânimo, tendo como foco principal a cama. Entende que prover o lar e a prole são o bastante para que todos sintam-se felizes e realizados. Assim, costuma repetir que “a família vai bem, pois não lhe falta nada”.
Então, o tempo passa, as crianças crescem e, um belo dia, percebe que nenhum dos filhos nutre uma aproximação ou um vínculo mais íntimo com ele. São pais e filhos que não se reconhecem, apesar de coabitarem sob o mesmo teto.
Ver uma família reunida logo cedo, todos em volta da mesa, deslizando a margarina no pão, não é garantia de harmonia e convivência saudável. A cena pode ser digna de comercial ou de fotos para as redes sociais, mas será que se sustenta diante dos percalços diários?
Tampouco, presentes, roupas de marca, celular de última geração, viagens, liberdade ao extremo, dão conta de suprir as lacunas de carência afetiva e física que se instalam e crescem na mesma proporção em que os filhos saltam da fase infantil para a adolescência e, depois, passam de adolescentes para jovens e de jovens para adultos.
Com frequência, essas carências são direcionadas para um outro lugar, quando se consegue, muitas vezes, prazer momentâneo, ou seja, qualquer coisa que os faça não precisar olhar para as próprias dores.
Fala-se muito sobre “tempo de qualidade”. Aquele momento em que pais e filhos conversam, entregam-se, fazem um programa juntos, debatem sobre algum tema, ouvem um ao outro, sintonizam, conectam-se.
Promover esse tempo, diante de uma agenda tão atribulada, é somente um dos inúmeros desafios gerados pela paternidade.
É possível que, num primeiro momento, os filhos não consigam absorver a potencialidade da verdadeira presença de um pai. Mas, com certeza, detectarão a ausência, principalmente aquela do pai estar a um toque dos dedos e, ainda assim, inalcançável.