Ainda lembro da minha cara assustada, na aula de Ciências, quando a professora tentava, da maneira mais didática possível, explicar sobre a sexualidade.
Falava-se sobre os sexos. Mas não nos ensinaram sobre o amor. Não me recordo de alguém ter dito que o amor é lindo e também é frágil. Recomenda-se manusear com cuidado os corações preenchidos. Instale a etiqueta Handle with care, por precaução.
Não nos entregaram uma cartilha com um sumário detalhado das minúcias que envolvem esse sentimento.
“Abram na página 25. Hoje, vamos aprender como conquistamos o outro.” Se houve essa aula, eu não estava presente e duvido muito que você também estivesse.
Lembro que, na época, as moçoilas eram incentivadas a ler Sabrina, Júlia, romances que nos levavam para qualquer lugar no espaço, mas que se apresentavam anos-luz da realidade.
Mas a gente não demora muito para perceber que o amor se aprende é na prática. Não há outro jeito, outra fórmula, outro método.
Amor é a tentativa de fazer funcionar duas pessoas diferentes em um par afinado. Há de se ensaiar muitas vezes. Nem sempre se acerta de primeira.
Duvido das receitas que anunciam o amor em dez passos. Como uma sequência mágica em que basta seguir à risca para se ter a garantia do resultado. Tudo bobagem.
Amor é pele, contato, cheiro, desejo. Amor é conversa, é saber ceder, é chamar para o diálogo.
Amor requer ingredientes na medida e fogo brando. Também desconfio das chamas que queimam de maneira abrasiva. Excessos costumam desestabilizar, sufocar, amarrar, prender, fechar. Amor é liberdade, nunca prisão.
Amor não tem lógica. Chega sem anúncio. Às vezes, no momento exato; em outros, totalmente, fora de previsão.
E segue a maioria, buscando, na multidão do planeta, alguém que preencha as nossas brechas e o que nos falta. Quando funciona é uma das coisas mais belas da vida. Sem receitas, sem cartilhas, sem páginas, sem palavras de ordem.
Encaixou, serviu? Ergam as taças. Brindem o amor. Sirvam-se.
Acho lindo quando a vida e a mesa são postas para dois.