Localizada no bairro Serraria do Rocha, o Centro Municipal de Educação Infantil Jurandir Rozendo de Lima, promoveu na quarta-feira, 20, a mostra “Gente como a Gente”. O evento foi aberto para que os pais pudessem conhecer o trabalho dos alunos sobre as culturas afro e indígena, em virtude do Dia da Consciência Negra.
A escola tem 128 crianças, de um a quatro anos. Cada turma teve um aspecto cultural para aprofundar: vestimentas, instrumentos musicais etc. Em cada sala, os pais conferiram o que os filhos produziram e também entenderam mais sobre as duas culturas. Uma das salas homenageou a sambista Milene Rosa Gomes, uma mulher negra de grande relevância para a comunidade.
A diretora do CMEI, Karime Klingelfuls, que atua há seis anos no local, disse que é importante trabalhar o tema anualmente com as crianças. “Fizemos uma pesquisa com as crianças sobre a cultura afro e indígena, procurando a valorização. Temos várias crianças negras, temos um aluno haitiano, que fala francês e agora está aprendendo o português, essa troca de culturas é muito válida porque inclui a todos. O envolvimento deles é fantástico, é importante que eles saibam que existem essas culturas e nem sempre tem esse acesso. É o pontapé inicial para a conscientização”, contou a diretora Karime.
A educadora infantil, Miriane Calonaci Freitas, trabalha com alunos do Pré I, crianças de três a quatro anos. Sua turma pesquisou sobre instrumentos musicais da cultura afro. “Eles produziram os instrumentos com materiais recicláveis, aprenderam quem trouxe, e tudo isso enriqueceu o vocabulário deles. A gente começa em sala de aula explicando que uma cor é diferente da outra, a gente vê que o preconceito não está na criança, está no adulto”, observou Miriane.
BUSCA DA IDENTIDADE
Para a educadora infantil, Letícia do Rocio Matias Santos, que trabalha com a turma do maternal, foi fundamental as crianças aprenderem primeiro quem elas são.
“Eles perceberam as diferenças de cor de pele, de cabelo, de altura. Abordamos as vestimentas, o uso de acessórios pelos índios e negros, que até hoje são usados”, explicou Letícia.
De acordo com a educadora, é evidente que o preconceito não nasce com ninguém. “Eles adquirem isso no contexto familiar e social, por isso temos que trabalhar, para que eles possam expressar o que são e como são e se defender de momentos ruins. Um dos exemplos que uso é pedir para eles olharem para as mãos, pois cada dedo é diferente, e eles foram entendendo que todo mundo é diferente, mas que todo mundo é lindo da sua forma, cada um tem sua beleza por fora e por dentro”, evidenciou Letícia.