Rodrigo Félix Leal, nascido em Ponta Grossa, casado, sem filhos e apaixonado por seu cão, Tibério, é formado em Jornalismo pela Universidade Tuiuti, com especialização em Fotografia pelo Instituto IDD. O profissional iniciou na carreira de fotógrafo na assessoria de imprensa da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, onde permaneceu de 2004 a 2011, além de outros trabalhos como freelancer e trabalhou no jornal Metro, em Curitiba. Atualmente faz fotos para uma agência de fotografia de São Paulo, cobrindo eventos com repercussão nacional e é professor de Fotografia e História da Comunicação no curso de Comunicação Social, Publicidade e Propaganda do Isulpar, em Paranaguá. Confira a entrevista exclusiva com o fotógrafo Rodrigo Leal:
Folha do Litoral News: Conte sobre sua experiência como fotógrafo no Porto de Paranaguá.
Leal: O Porto foi o meu primeiro grande desafio na carreira e foi uma grande escola também. Foram sete anos em que pude viver o dia a dia de uma assessoria de comunicação. Lá cuidávamos do atendimento à imprensa, produção de material de divulgação do porto, conteúdo para rádio, impressos e até TV por algum tempo, além da comunicação interna. Muito disso exigia todo o tipo de fotos. Desde fotos de reuniões, acompanhamento de obras, fotos aéreas e de toda a estrutura portuária, autoridades, carregamento de navios, eventos, manifestações, treinamentos, trabalhadores portuários e algumas vezes até grandes acidentes ou cargas diferentes que apareciam por lá. Tive a oportunidade de também realizar ao menos duas exposições com fotos do porto, as quais foram levadas para alguns locais de Curitiba e de todo o interior do Estado para que as pessoas de longe pudessem visualizar e conhecer o trabalho realizado lá, a grandiosidade do porto em números e carregamentos e, nada melhor que fotos para mostrar isso.
Folha do Litoral News: Em Paranaguá você realizou um trabalho fotográfico registrando o dia a dia, a realidade dos catadores de grãos. Como foi essa experiência?
Leal: Quando ainda trabalhava pelo Porto de Paranaguá, sempre via os “formigas” como são chamados os varredores de grãos e aquilo me chamava atenção. O dia a dia deles, passando com suas bicicletas carregando sacos cheios de farelos, descendo e subindo de vagões despertou minha curiosidade e comecei a pesquisar sobre eles. Antes de iniciar o trabalho fotográfico houve um processo de aproximação, me apresentando como fotógrafo, perguntando sobre a vida e história deles. Inclusive esse foi meu trabalho de conclusão de curso, realizei uma exposição com essas imagens. Além de realizar uma entrevista com eles para traçar um perfil desses trabalhadores, pude acompanhar de perto a realidade deles. Tive algumas surpresas não necessariamente boas porque a vida deles é sofrida, por outro lado, fotografar essa realidade, ter a oportunidade de conhecer essas pessoas e suas histórias foi algo marcante. Eram muitas crianças e lamento que não exista um trabalho mais eficaz de auxílio a essas pessoas porque muitas são viciadas em crack e fazem essa varredura para vender e sustentar o vício. Pude constatar que aquele trabalho passa de geração para geração. Fotografei adolescentes de 16 anos que contaram que já realizavam esse serviço desde os cinco anos, que o pai faz e o avô fazia.
Folha do Litoral News: Verificando esse exemplo dos catadores de farelos, podemos dizer que a fotografia aproxima o fotógrafo de realidades que a comunidade muitas vezes desconhece? Como é levar um pouco dessa aproximação à população através de imagens?
Leal: A fotografia é uma janela que leva as pessoas para diversos mundos. Ela permite que eu me aproxime de pessoas as quais em outras profissões não teria a mesma oportunidade. Pela fotografia é possível mergulhar na realidade da pessoa. Lógico que não é apenas a fotografia, o trabalho precisa ser muito mais intenso, o fotógrafo precisa conhecer aquele mundo, pesquisar, se aproximar e dessa forma, conseguirá transmitir pelas imagens aquela realidade.
Folha do Litoral News: O que é ser fotógrafo para você?
Leal: É não ter rotina, é se aproximar de vários mundos pela fotografia. Ser fotógrafo é viver várias situações, registrá-las e passá-las para as pessoas com o seu olhar. Isso é também um grande desafio porque é fazer as pessoas olharem o mundo pelo seu olhar.
Folha do Litoral News: Você já fotografou diversas manifestações, eventos com repercussão nacional. Como é essa adrenalina?
Leal: A adrenalina é o que move o fotojornalismo. Viver situações de manifestações que envolvam confronto, por exemplo, é um pouco complicado naquele momento, mas quem faz fotojornalismo gosta dessa adrenalina e é algo necessário e que nos move.