É cada vez mais frequente a ocorrência de acidentes com águas-vivas no litoral paranaense. Somente nesta temporada de verão, 11,5 mil casos já foram registrados nas praias do Paraná. Até o momento, Matinhos lidera o ranking de número de casos, com 5.255 acidentes, seguido de Pontal do Paraná (3.897) e Guaratuba (2.427).
De acordo com a bióloga e coordenadora da Divisão de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria de Estado da Saúde, Tânia Portella, o fenômeno tem se tornado comum nos últimos anos e afeta também o litoral de Santa Catarina. “Isso se deve ao comportamento das correntes marítimas e também às condições favoráveis para a reprodução das águas-vivas. É importante lembrar que elas estão em seu habitat natural e somos nós que dividimos este espaço, sobretudo agora no verão”, ressaltou.
Com mais banhistas na praia, a tendência é que o número de casos aumente, segundo ela. “O que podemos fazer é monitorar os locais de risco e preparar a estrutura para atender à demanda de vítimas”. Tânia afirma ainda que algumas atitudes simples podem ajudar as pessoas a se proteger. “Recomendamos que antes de entrar na água, o veranista pergunte ao guarda-vidas como está a situação do mar e qual o melhor local para se banhar”, acrescenta.
A grande maioria dos acidentes com águas-vivas ocasiona quadros leves, em que a vítima relata apenas dor e queimação no local de contato com o animal. Neste tipo de caso clássico, a assistência é feita na beira da praia, pela equipe de guarda-vidas do Corpo de Bombeiros.
“O atendimento consiste na aplicação de vinagre na região da pele que teve contato com os tentáculos da água-viva. Isso serve para aliviar a dor e barrar a ação da toxina do animal”, explica Tânia. Após o acidente, é possível também aplicar a própria água do mar na pele dolorida.
Antes do início da Operação Verão, o Governo do Estado distribuiu quase mil litros de vinagre para abastecer os estoques dos municípios. Os frascos estão disponíveis nas unidades de saúde e nas bases do Corpo de Bombeiros ao longo da orla.
O secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, afirma que a medida garante insumos necessários para atender à demanda de acidentes que aconteçam até o fim da temporada. “Estamos atentos, monitorando a situação de perto. Caso haja necessidade, faremos uma nova compra para que não falte vinagre nas unidades”, assegurou.
O Estado também destinou recursos para fortalecer a rede de retaguarda de atendimento dos municípios. Além de prestar assistência de urgência e emergência, as estruturas estão preparadas para receber casos moderados de acidentes com água-vivas.
Segundo a diretora da 1.ª Regional de Saúde, Ilda Nagafuti, as pessoas que apresentarem dores pelo corpo, mal-estar ou vômito devem ficar atentas e buscar atendimento médico imediatamente. “Não se pode perder tempo. Em cada município, temos unidades preparadas para dar este tipo de suporte ao paciente”, diz. Desde o dia 22 de dezembro, pelo menos 19 pessoas tiveram que ser encaminhadas pelos Bombeiros para receber atendimento médico.
Em Guaratuba, a referência é o Pronto Atendimento Municipal. Em Matinhos, o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes é quem recebe vítimas de acidentes com animais marinhos. Já em Pontal do Paraná são dois locais: Prontos Socorros de Shangri-lá e Praia de Leste.
Em caso de dúvidas, a Secretaria de Estado da Saúde também disponibiliza uma central telefônica 24h para orientar o cidadão sobre o que fazer em caso de acidentes com águas-vivas e outros tipos de envenenamentos/intoxicações. O Centro de Controle de Envenenamentos do Paraná atende pelo telefone 0800-410-148. A ligação é gratuita.
1. Procure estar sempre em uma área protegida por guarda-vidas.
2. Pergunte ao guarda-vidas se há grande incidência desses animais marinhos no local e, se houver, evite entrar no mar.
3. Entre no mar no máximo com a água até a cintura.
4. Se você sentir dor em queimação ou ardência, saia imediatamente da água, pois pode ter sofrido um acidente de contato com águas-vivas.
5. Lave o local com água do mar sem esfregar as mãos na área afetada (nunca lave com água doce, ou outra substância, como bebidas alcoólicas ou urina).
6. Procure um posto de guarda-vidas para colocar vinagre na área atingida (isso neutraliza a ação da toxina).
7. Pessoas alérgicas, que apresentarem outros sintomas, como mal-estar e vômito, ou tiverem grande área corporal atingida, devem procurar atendimento médico.
8. Não toque nos animais, mesmo aqueles que estejam aparentemente mortos na areia da praia.
Em caso de dúvidas, ligue para Centro de Controle de Envenenamentos do Paraná – 0800-410-148.