Entrevista

Maioria dos crimes no litoral está relacionada ao tráfico de drogas

Comandante do 9.º BPM fala da importância da comunidade em denunciar crimes

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Comandante do 9.º Batalhão de Polícia Militar (9.ºBPM), tenente-coronel Rui Noé Barroso Torres é natural de Curitiba, casado, pai de uma filha, 30 anos de carreira na Polícia Militar, é bacharel em Direito, formado em Educação Física, pós-graduado na área de Gestão em Segurança Pública e na área de Direito Penal Militar. Nos últimos dois anos estava a serviço da Força Nacional de Segurança Pública pelo Ministério da Justiça. Nesse período esteve em cerca de dez Estados brasileiros em 15 missões pela Força Nacional. Confira entrevista exclusiva com o coronel Barroso:

 

Folha do Litoral News – Sua experiência na Força Nacional pode auxiliar no comando do 9.º BPM?

Coronel Barroso – “As operações desenvolvidas na Força Nacional de Segurança Pública, dependendo do Estado, da região e da natureza da operação pode ter um viés diferente, pode ser uma operação voltada ao apoio ao combate ao desmatamento, operação em situações de conflito indígena, greve de instituições de segurança estaduais, entre outras. Contudo, o contexto é sempre o mesmo que é o contexto segurança pública. Por isso, quando se fala contexto de segurança pública – e quando eu digo lançando mão da experiência da Força Nacional – de Norte a Sul, Leste a Oeste do Brasil, as questões e problemas de segurança pública são praticamente as mesmas as púnicas coisas que mudam são os costumes, tradições locais, algumas instituições dispõe de um pouco mais de recursos outras menos, mas o contexto do problema, o núcleo da questão é o mesmo. Dessa forma, não diferente no Paraná e no litoral pretendemos utilizar essa experiência de forma integrada. Acreditamos e apostamos em um trabalho integrado com os demais órgãos de segurança pública, como o Poder Judiciário, Ministério Público, conselhos comunitários de segurança, instituições representativas de classes, sindicatos e a população”.

 

Folha do Litoral News – Nos fale um pouco mais sobre o trabalho integrado.

Coronel Barroso – “Há muito tempo acreditamos que segurança pública deixou de ser um problema exclusivamente de polícia. É preciso que todos os órgãos, segmentos envolvidos e interessados se unam na busca de soluções e equacionar os anseios da população para que as informações cheguem até nós de forma mais abrangente. Muitas vezes temos uma radiografia dos problemas, das questões de segurança pública do litoral, mas temos uma radiografia inicial que chega através do nosso planejamento, do geoprocessamento, mas é importante que a comunidade e demais segmentos estejam integrados conosco para que possamos conhecer os problemas de forma mais específica e combatê-los juntos, cada um em sua esfera de atribuição, mas uma busca de soluções juntos, integrados para as questões de segurança pública”.

 

Folha do Litoral News – Nesse período que está no litoral o que o senhor vê como maiores problemas na região e o que exige mais atenção?

Coronel Barroso – “Exige-se uma atenção redobrada no período de temporada de verão quando se consolida a conhecida Operação Verão quando o litoral recebe uma grande quantidade de veranistas. Claro que no restante do ano, temos os problemas em todas as localidades do litoral de situações de delitos, roubo a pessoas, delitos contra a pessoa, contra o patrimônio, prática do consumo e tráfico de substâncias entorpecentes, assim como todos os delitos que tomam parte de toda cidade de grande e médio porte. Em um primeiro momento estamos procurando implementar ações de policiamento ostensivo, reforço policial, claro que temos certas limitações de pessoal, de recursos logísticos, contudo temos que buscar por meio da criatividade, por meio dessa integração com demais órgãos implementarmos isso através da otimização desses recursos que dispomos. É um implemento no patrulhamento, é uma aplicação de patrulhamento em áreas diversas daquelas aplicadas rotineiramente. Estamos tentando reestruturar a Rotam que é uma subunidade especializada que provê o patrulhamento de auto risco, atendimento de ocorrências de grande vulto, também procuramos implementar o patrulhamento com motocicletas, enfim, dentro da limitação de recursos que temos, procuraremos implementar para otimizar a sensação de segurança da população”.

 

Folha do Litoral News – O número de usuários de entorpecentes influencia muito a geração de outros crimes?

Coronel Barroso – “Os delitos contra a pessoa, contra o patrimônio, roubos, furtos, se não a totalidade, mas a maioria deles orbita em torno do tráfico de drogas porque o infrator, o cidadão mal intencionado comete roubo, furto e na maioria das vezes o produto desse roubo ou furto, seja ele em valor ou em mercadoria, vai ser direta ou indiretamente transformado em moeda de troca para aquisição de substância entorpecente, para o pagamento de uma dívida relativa à substância entorpecente ou para qualquer tipo de transação que esteja relacionada à substância entorpecente”.

 

Folha do Litoral News – Como a população pode auxiliar a polícia no combate ao crime?

Coronel Barroso – “A ajuda da população é fundamental e pode nos auxiliar denunciando. Muitas vezes a população tem notícias importantes que são úteis não só para a Polícia Militar, mas para a Polícia Civil, Guarda Civil e demais organismos envolvidos no processo de segurança. Entendemos que muitas vezes existe certo receio por temor a represálias devido a uma eventual denúncia, mas é importante que a população denuncie seja por telefone, Disque Denúncia 181, ou através do 190, por e-mail, ou procurando pessoalmente a Polícia Militar, independente do canal que ela faça a denúncia, pois ajudará a polícia seja em um trabalho de inteligência a médio ou longo prazo, seja numa aplicação de policiamento ou em um trabalho pontual e imediato. Frisamos que independente do canal escolhido pela população para denunciar a prática de um delito, sua identidade será preservada mesmo que ela venha pessoalmente falar sobre a situação que ela sabe. Frisamos que a identidade dessa pessoa será preservada”.   

 

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