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Cultura

Festa do Fandango fortalece a cultura local

Programação acontece na Ilha dos Valadares até domingo

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A Festa do Fandango Caiçara entra em sua 8.ª edição consolidando a cultura popular no litoral. Até domingo, 20, a cidade estará recebendo grupos que buscam manter viva a tradição da arte caiçara.

A programação está concentrada na Praça Cyro Abalém,  Ilha dos Valadares, envolvendo bailes, exposições, debates e oficinas. Os grupos que fazem parte do evento são Mandicuera, Mestre Romão, Ilha dos Valadares e Pés de Ouro, de Paranaguá. Raízes Fandangueiras (Superagui), Cirandeiro de Paraty (Paraty), Manema (Iguape), Fandango de Cananeia (Cananeia), Fandanguará (Guaraqueçaba) e Fandango de Ubatuba (Ubatuba).

Para o Mestre Brasílio, a festa ajuda a criar mais respeito na cultura do fandango em Paranaguá. “Eu sou do tempo em que  era tudo diferente. Dançar fandango era uma festa que acontecia na Ilha dos Valadares após uma semana de trabalho. Os jovens não gostavam, por isso foi parando com o tempo. Mas agora as autoridades estão dando mais valor e sabem que é importante manter a cultura feita pelo povo”, destacou.

José Martins Filho, o Mestre Zeca da Rabeca, um dos maiores nomes do fandango no litoral, conta que atualmente se vive um novo tempo. Para ele, os jovens estão se interessando porque já sabem que o fandango é importante para a cultura e o turismo da cidade. “Eu vim de Guaraqueçaba e quando cheguei aqui havia muitos violeiros, muito mais que hoje. Parecia que todos os homens tocavam viola e dançavam fandango. É por isso que desde cedo aprendi a dançar fandango e mais tarde vendo meu pai construir viola, eu aprendi a fazer os instrumentos. É por isso que temos que continuar porque o mais jovem sempre se incentiva vendo o mais velho e assim vai indo. Estamos em um novo tempo” conta. 

 


Mestres Zeca e Brasílio reforçam que o fandango vive novos tempos

 

TRADIÇÃO

Para manter a tradição, vem acontecendo anualmente a Festa do Fandango Caiçara de Paranaguá, desde 2002. As primeiras edições foram produzidas independentemente pela Associação de Cultura Popular Mandicuera. De forma espontânea, a festa mostrou ser um importante mecanismo de manutenção da cultura caiçara. A festa promove atrações como os bailes populares, encontros sobre políticas culturais e patrimônio imaterial.

PATRIMÔNIO CULTURAL

Desde que o fandango caiçara foi oficializado como  patrimônio cultural brasileiro, em 2013, muitos estudiosos no assunto estão debatendo o tema. Nessa 8.ª edição da festa o evento contou com a presença de vários especialistas.

Um deles é Karina Coelho, Mestra em Antropologia pela Universidade Federal do Paraná (2014) e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo. Ronaldo Tinoco Miguez, músico, pesquisou a música da Folia do Divino durante o TCC e o mestrado junto à UFPR. Lauri Eduardo dos Santos, músico, violeiro, mestrando em Antropologia pela UFPR, pesquisa a musicalidade fandangueira sob orientação de Paulo Guérios. Thatyana Mariah Bartalo Athayde, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras Estudos Literários, Universidade Estadual de Londrina (UEL). Frederico Pedrosa, Bacharel em Musicoterapia pela FAP (2010) e mestrando em Música pela UFPR, atua em pesquisa nas áreas de musicoterapia, educação musical e cultura popular brasileira.

Para Aorelio Domingues, da Associação Mandicuera, a participação desses especialistas na festividade vem a fortalecer as políticas culturais, criando uma nova visão em torno da arte caiçara, na qual ele trabalha há quase 20 anos. “O evento atua em dois lados, a parte teórica com debates e também a parte prática que são as danças e as oficinas. A população está convidada a prestigiar a festa”, ressalta.  

 


Aorelio Domingues iniciou o resgate da cultura popular no litoral há quase 20 anos

Foto: Daniel Castellano

 

PROGRAMAÇÃO

Noe sábado, 19, às 10h, será realizada a oficina de fandango na sede da Associação Mandicuera, às 14h, acontecem as oficinas práticas (toques e versos, luteria caiçara e batidos). Às 19h30, na Praça Cyro Abalém, será montada a mesa para discutir sobre a salvaguarda do fandango e, em seguida, haverá roda de conversa sobre a presença da mulher no fandango caiçara.

A partir das 21h30 de sábado, também na praça, acontece a entrega dos instrumentos do projeto "Artesanias Caiçaras" e o lançamento do disco de fandango "Amanhece", fechando com o baile de fandango. A festividade encerra no domingo, ao meio-dia, com a cozinha caiçara (barreado) na Associação Mandicuera e, às 15h, Violada Fandangueira com intiruma (café) e bolinho de banana.    

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