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Especial Porto de Paranaguá

Diretor-presidente da APPA ressalta o diferencial do Porto de Paranaguá

Completando 83 anos, a administração do Porto Dom Pedro II tem muito a comemorar

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Neste ano, o Porto de Paranaguá tem muitos motivos para comemorar o seu aniversário de 83 anos. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) ganhou o primeiro lugar no Prêmio ANTAQ 2017 na categoria Desempenho Ambiental, na modalidade Maior Índice de Desempenho Ambiental (IDA). Além disso, vários recordes de movimentação de cargas foram alcançados, totalizando 45 em três anos, destacando-se também a preferência para o Porto de Paranaguá, tendo em vista, especialmente, os diversos investimentos que foram capazes de projetá-lo a patamares mais altos.

Nesta entrevista, o atual diretor-presidente da APPA, Luiz Henrique Dividino, fala sobre diversos assuntos, entre eles o interesse de países como a China e a Holanda, que se configuram como os dois maiores destinos das exportações, e também assuntos como os benefícios das obras de construção do viaduto na entrada da cidade e a recuperação da Avenida Bento Rocha, a manutenção da atividade dos trabalhadores portuários e a relação porto-cidade que vem se intensificando nos últimos anos, devido ao comprometimento realizado para aproximar a comunidade das atividades que movimentam Paranaguá. Confira:

 

 

Folha do Litoral News: Como o senhor avalia o interesse de outros países como China e Holanda na exportação através do Porto de Paranaguá?

Dividino: Cabe sempre um destaque ao segmento asiático. O Brasil, ao longo dos últimos 100 anos, manteve relação com mercados mais maduros como o europeu, o americano e, obviamente, nos últimos 40 anos, o que antes se chamava de tigres asiáticos, hoje são grandes potências, podemos incluir a China, como o nosso principal cliente destino e também um grande cliente de origem, a Índia, as próprias Coreias que se alimentam via China, muita coisa que entra ou sai da Coreia passa pela China. Quando falamos de outros mercados como a Holanda, na verdade é uma plataforma de distribuição na Europa. A Holanda é um País pequeno, mas tem uma das melhores logísticas do mundo, porque está posicionada em um lugar que entregamos a carga em Amsterdã ou Roterdã, por exemplo, ou na Bélgica que está ao lado, a carga é levada para qualquer lugar da Europa. Chega a atingir a França muito forte, assim como a Alemanha. Quando falamos da relação com a Holanda está muito mais conectada a uma plataforma logística que propriamente a relação comercial propriamente dita.

Folha do Litoral News: O que mais atrai o exportador para o Porto de Paranaguá hoje? O que ele encontra aqui que não encontra em outros portos do País?

Dividino: Acho que não é tanto pelo porto, mas gosto de mencionar que é a comunidade de Paranaguá. A cidade de Paranaguá hoje é a maior portuária quase exclusivamente dedicada a esta atividade. A gente compara com Santos, mas lá é uma cidade turística que tem um porto gigante, o do Rio de Janeiro é importante, mas a cidade é muito maior. Para nós, a atividade está no DNA do parnanguara, por isso quando falamos em tratar cliente, ele é bem tratado desde o momento que ele entra até quando ele sai. E eu estou falando por todos, trata bem a carga, somos reconhecidamente o porto que oferece o melhor serviço de carga geral, o melhor serviço para importação e exportação de veículos. Isso não é mérito da APPA, mas dos trabalhadores, dos estivadores e arrumadores que se dedicam a isso. Os terminais também acabam tendo uma relação direta com os clientes, aqui a coisa é personalíssima, o cliente que está exportando sua mercadoria vem conhecer o porto, o que é diferente dos grandes portos. Essa relação próxima, a dedicação e o DNA portuário da cidade de Paranaguá trazem uma grande tranquilidade e confiança para operar aqui. Por isso temos sempre as grandes empresas aqui que vão continuar por várias décadas. Esse é um trabalho que junta a capacidade do porto, a capacidade operacional e a preocupação que todos têm com uma atividade que é importante em todo o mundo. Mas, no Brasil, eu insisto, a maior cidade brasileira que tem um porto grande é Paranaguá. Estamos diretamente relacionados. Ninguém em Paranaguá se movimenta se a coisa não estiver relacionada ao porto, nem que seja para andar na rua e encontrar o trem para lhe incomodar.

Folha do Litoral News: Como está o andamento das obras de construção do viaduto e da revitalização da Avenida Bento Rocha?

Dividino: As pessoas estão na expectativa dessas obras. Para a obra da Avenida Bento Rocha, a empresa já foi selecionada e o contrato deve ser assinado ainda no mês de março. A próxima etapa é uma preocupação da APPA e estamos levando até a prefeitura também, para antes de começar a obra, fazermos um grande planejamento para compatibilizar aquele transtorno que a obra causa aos cidadãos, vamos investir em 30 dias de planejamento para decidir onde a empresa começa para atrapalhar menos a sociedade. Devemos entrar neste processo no começo de abril, porque a nossa maior preocupação é no sentido de não atrapalhar a vida de ninguém e, às vezes, por melhor que seja o desdobramento da obra, causa mal-estar e queremos tomar esse cuidado. Em relação ao viaduto, a licitação entrou na fase final nesta semana, nós devemos conhecer a empresa ganhadora nos próximos 20 dias, é possível que o contrato seja assinado em abril e entraremos também no mesmo processo de planejamento. As duas obras iniciam, de qualquer forma, no primeiro semestre. Esse planejamento terá que se ajustar aos meios de comunicação, para informar as pessoas. Eu quero crer que as obras começam no primeiro semestre e serão concluídas no ano que vem. 

Folha do Litoral News: Quais os benefícios que essas obras vão oferecer para a atividade portuária?

Dividino: Vai mudar a cara de Paranaguá. Hoje, o cidadão quando sai da cidade com destino a Curitiba tem que fazer um planejamento para saber por onde vai sair e isso vai acabar com a construção do viaduto. No caso da Avenida Bento Rocha, ela vai ganhar a revitalização e eu acredito que talvez todo o trabalho não vá beneficiar os caminhões, nem o porto, toda a revitalização da Bento Rocha foi pensada olhando a relação com a comunidade. Desta vez não estamos preocupados tanto se a rua é de concreto ou se é de asfalto, nós queremos que tenha ciclovia, uma calçada adequada, segurança, sinalização.

Folha do Litoral News: Muito se fala sobre a manutenção da atividade dos trabalhadores portuários avulsos (TPAs) locais, como está este cenário hoje?

Dividino: Acho que só tivemos ganhos nos anos que passaram. O trabalho do TPA está garantido e vai aumentar ainda mais, ele é o maior parceiro da atividade portuária. Como ele ganha por produção, é o que mais se preocupa com a produtividade, ele está continuamente preocupado com a produção do navio, porque ele recebe a partir disso. O TPA é o principal ator do processo, este modelo é extremamente positivo, o que ocorre é que à medida que temos uma projeção de crescimento na movimentação de carga, eles também vão se preparar para atender ao maior volume de cargas. Ou seja, não está somente garantida a manutenção, está garantido que haverá mais trabalho no futuro.

Folha do Litoral News: Qual sua avaliação sobre a relação porto-cidade nos últimos anos?

Dividino: Tivemos uma total transformação. A gente sempre tem que conviver com aqueles que pensam diferente, mas em 2011 as filas tomavam a cidade, hoje a gente consegue programar isso e se organizar para isso. Na área de meio ambiente e limpeza, o porto não tinha ação alguma. Há quatro ou cinco anos, nós mantemos todas as áreas do porto impecáveis. E isso traz muito para a sociedade, traz a visão, o conceito, a disciplina. Diariamente, passam 10 mil pessoas pelo porto, está se criando essa imagem do limpo, do bom, da relação com o meio ambiente. Temos hoje mais de 40 programas socioambientais, fornecemos cartilhas, livros, treinamentos, mapas, documentos, ou seja, material de educação ambiental muito intenso, inclusive nas comunidades das ilhas. Nos preparamos para nos relacionar com as crianças, estamos indo para o quinto ano do Porto-Escola, foram milhares de crianças que passaram e continuam passando pelo porto. É um programa que não pode faltar, porque para a criança é muito importante. Pensa como uma criança que mora em uma cidade portuária, que todos os amigos, primos e parentes que moram fora perguntam como é um navio e ele nunca viu um? Como se justifica isso? Esses programas atuaram no coração dos jovens, os que têm mais idade, já têm pleno conhecimento, já sabem das coisas. Mas, na visão da APPA, a aproximação das crianças é muito lúdica, e é fita por meio dos grandes programas integrados que as empresas têm realizado, tem sobre o plantio de árvore, programa de melhoria em escola, melhoria de vias públicas, existem inúmeros trabalhos que nunca aconteceram e nenhum porto brasileiro colocou dinheiro no município.

Folha do Litoral News: Deixe uma mensagem aos trabalhadores portuários tendo em vista os 83 anos do Porto de Paranaguá.

Dividino: Sempre que completamos mais um aniversário, a data toca a todos nós. Até certa idade da vida, todo mundo quer que passe rápido, quando somos jovens e, à medida que vai se ganhando idade, vai se dando mais valor. Nós estamos falando de 83 anos do porto organizado, mas eu diria que é um ano muito especial para todos nós, e não é pelo recorde de 51,5 milhões de toneladas, por atender neste ano o maior navio graneleiro, conseguimos superar muitos portos vizinhos, o que neste ano nos toca muito é ter sido reconhecido como o porto número 1 na gestão ambiental integrada. É conseguir coordenar uma atividade portuária intensa e importante de uma forma conjugada e harmônica com os trabalhadores, com as empresas e principalmente com o cidadão e com o meio ambiente. Espero que esse seja o primeiro de muitos que a gente comemore de fato aquele trinômio de sustentabilidade. Temos que ter uma relação social forte, com o meio ambiente e uma relação comercial. A importância deste ano está relacionada a esta grande conquista que a partir de agora nós vamos começar a enxergar com mais detalhamento. As pessoas vão começar a olhar nas pequenas coisas no dia a dia e perceber que as coisas mudaram e avançaram. É um ano que a gente está muito feliz e meu recado é parabenizar a todos os envolvidos, estamos falando de milhares de pessoas e famílias que estão engajadas, sempre trazendo a única coisa verdadeira. Se tudo isso acontece e acontece bem é porque todos nós estamos fazendo juntos.

Fotos: Ivan Bueno/APPA

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