Dia 29 de julho Paranaguá completará 370 anos e isso é motivo de reflexão, pois nessa cidade estão as marcas e lembranças dos nossos antepassados e também as nossas. E o que estamos fazendo para deixar boas marcas?
Iniciamos neste mês uma viagem pelos pontos históricos de Paranaguá a fim de obter algumas informações, que por vezes passam despercebidas no nosso cotidiano. Hoje vamos tratar da Matriz, resumindo dados da crônica de Vicente Nascimento Júnior, o qual muito fez por Paranaguá e merece ser lembrado: A Velha Matriz Paroquial.
Conta o autor que a Igreja Matriz constitui o mais primitivo marco da civilização lusa nas terras da antiga Capitania de Santo Amaro, doada a Pero Lopes de Sousa. Em sua crônica remete-nos àquela época para que imaginemos que nem sempre foi o monumento do tamanho e arquitetura que é hoje, tendo a sua origem numa ermida ou capela erigida à Virgem do Rosário, pela devoção e fé ardente dos primeiros colonizadores que chegaram à Cotinga pelos idos de 1550 a 1560.
Somente alguns anos depois esses colonizadores chegaram em terra firme, na confluência do rio Taquaré (Itiberê) elevando logo o povoado, que, segundo Nascimento Junior, arrastou-se por 60 anos numa vida precária, onde viveram mineradores, aventureiros e índios domesticados, até que em 1640 chegou ao local Gabriel de Lara, o qual trouxe a lei e intensificou o povoamento da área, tão cobiçada pelos espanhóis, o que o forçou a defender e conservar o território para a soberania de Portugal.
Como prova da antiguidade da Matriz tem-se a inscrição Templum hoc aedificatum 1578 e também há registros de que os vereadores da Câmara Municipal de Paranaguá, em 1 de outubro de 1661, comentaram sobre obras que a Matriz precisava, pois estava com as paredes avariadas. O historiador Sebastião Paraná, então, concluiu que nessa época da importante reforma, a Matriz já teria, aproximadamente, 80 anos, portanto, a sua existência dataria de 1581, sendo pequena a diferença entre a data da inscrição acima citada. Importante é saber que a Velha matriz Paroquial vem do século do descobrimento do Brasil. A sua aparência atual, deve-se às sucessivas e necessárias reformas, porém, continua como um patrimônio da cidade, do estado do Paraná e de todo o País, independente de religião. Uma sugestão é observá-la da esquina da Rua XV de Novembro com a Professor Cleto, bem próximo ao Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá – IHGP, para ver o quanto é bela essa construção entre as ruelas e outras edificações antigas.
Guadalupe Vivekananda Fabry
Presidente – IHGP