Na madrugada de segunda-feira, 21, uma notícia trouxe o luto aos fiéis e líderes religiosos em todo o mundo: o Papa Francisco morreu, aos 88 anos, no Vaticano. A Folha do Litoral News conversou com Dom Edmar Peron, bispo da Diocese de Paranaguá, que compartilhou suas reflexões, lembranças pessoais e palavras de consolo neste momento de luto para a Igreja Católica.
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“Recebi com muita tristeza. Ainda no domingo, vi a bênção pascal dada por ele, e nesta segunda-feira acordo com a notícia da sua morte. Foi uma passagem brusca. Papa Francisco para os católicos era papa, mas era um grande homem para a sociedade”, disse Dom Edmar Peron. Segundo o bispo, mesmo após a recente alta hospitalar do Papa, já era perceptível que sua recuperação seguia de forma lenta. “As lições que ele nos deixou, mesmo nos últimos dias, já nos preparavam para esse momento”, acrescentou.
SIMPLICIDADE, EVANGELIZAÇÃO E FRATERNIDADE
Dom Edmar Peron destacou que o maior legado de Francisco vai além de seu papel institucional como Papa.
“Ele nos deixa o exemplo de uma vida simples. Desde o momento em que apareceu pela primeira vez como Papa, sem adornos, apenas com uma túnica branca, já nos mostrava o seu estilo direto e desarmado. Então, eu acredito que um dos legados para a sociedade, para a Igreja, para mim, pessoalmente, é o legado da simplicidade de vida. Um estilo simples.”, recordou.
Além do carisma e humildade pessoal, Dom Edmar destacou três pilares do pontificado de Francisco: a alegria da evangelização, o cuidado com a criação e a fraternidade universal. “Esses ensinamentos permanecem vivos e continuam sendo faróis para a Igreja e a sociedade”, afirmou.
“Por outro lado, é claro que as ações dele como papa vão nos marcar. Não significa que agora a gente pegue todos os documentos dele, encaixote, coloque lá no fundo do baú e já não tem mais nenhum significado. Não. Isto é, aquilo que um papa apresenta como magistério, como ensinamento, permanece na Igreja”, completou o bispo.
RECORDAÇÕES PESSOAIS
Durante a entrevista, o bispo Dom Edmar Peron também compartilhou momentos marcantes que viveu ao lado do papa. Ele esteve com Francisco em diversas ocasiões, inclusive durante a visita dos bispos do Paraná, em fevereiro de 2020, pouco antes do início da pandemia da Covid-19.
“Em uma das vezes, levei uma imagem de Nossa Senhora, pintada por uma católica da Arquidiocese de Maringá. Fiquei até sem jeito, mas o Papa Francisco a recebeu com carinho, abençoou e agradeceu”, lembrou.
Entre as memórias mais tocantes, Dom Edmar citou o último encontro com Francisco, no ano passado, em Roma. “Eu não posso deixar de comentar o último momento que eu me encontrei com ele. No ano passado, eu estive em Roma para uma das reuniões da liturgia. Eu fiquei hospedado na mesma Casa Santa Marta, mas assim, a gente não devia ficar em cima do Papa e falando com ele. A gente respeitava, todos respeitavam o ritmo dele”.
“No último dia, eu estava sentado na sala aguardando quem me levaria ao aeroporto e vem e sai do refeitório o Papa Francisco com seu andador, ele estava indo em direção à capela. Veio, olhou para mim, deu um tchau, pegou o andador e seguiu. Então, hoje, recebendo a notícia da morte dele, eu tenho essa lembrança feliz daquele sorriso e daquele tchauzinho, sem dizer nenhuma palavra. Isso vai ficar marcado para mim, mais do que todos os encontros oficiais que eu tive a alegria de encontrá-lo, nos quais tive a alegria de encontrá-lo”, completou.
O Bispo Diocesano de Paranaguá seguiu recordando alguns momentos com o pontífice. “Os encontros com o Papa Francisco sempre foram marcantes, porque ele era de um bom humor incrível. Nunca o vi fora daquele bom humor. Fosse uma reunião oficial, fosse um encontro, sempre dentro disso
TEMPO DE ORAÇÃO E CONFIANÇA
Com a morte de Francisco, o processo de escolha de um novo Papa se inicia com o funeral e, em seguida, o conclave. Dom Edmar explicou que os cardeais de todo o mundo se reúnem em Roma para um período de reflexões e, posteriormente, para a eleição do novo pontífice. “É um tempo necessário, como o luto de uma família. Um tempo de silêncio, de memória e de esperança”, disse.
O bispo reforçou que os fiéis devem manter firme a confiança em Deus. “Cristo continua a sustentar a sua Igreja. Agora, é momento de oração pelo Papa Francisco e também pelos cardeais que terão a missão de discernir quem será o novo Pedro, a nova pedra sobre a qual a Igreja será edificada”.
INFLUÊNCIA NO BRASIL E NO MUNDO
Questionado sobre o impacto do Papa Francisco na Igreja no Brasil, Dom Edmar ressaltou o compromisso do pontífice com causas sociais e ambientais. “Ele nunca se omitiu diante das guerras, das enchentes, das dores do povo. Sempre demonstrou um coração próximo de quem sofre”, destacou.
Francisco também lançou iniciativas como a Economia de Francisco, voltada para uma nova visão econômica inspirada em São Francisco de Assis, e refletiu profundamente sobre educação, trabalho e dignidade humana.
“Ele começou projetos na igreja, iniciou processos que nós ainda não temos todo o alcance, não temos todos os resultados, mas eles estão andando e a sua postura como homem de Deus e os seus textos certamente vão continuar a influenciar. É o que nós chamamos de realidade social à luz do evangelho”, disse.
MENSAGEM DO BISPO
No final da entrevista, Dom Edmar Peron deixou uma mensagem de esperança aos fiéis brasileiros. “Estamos vivendo o Jubileu da Esperança. Que possamos renovar nossa confiança em Deus, certos de que Ele continuará guiando a Igreja por meio de quem Ele escolher. Rezar por Francisco e pelo futuro Papa é o que nos cabe agora”, finalizou.
ENTREVISTA NA ÍNTEGRA
Na entrevista, o Bispo da Diocese de Paranaguá, Dom Edmar Peron, detalhou outros momentos marcantes do Papa Francisco durante o seu pontificado, que durou 12 anos, algo que pode ser conferido na íntegra no Facebook da Folha do Litoral News.
