As raízes do Carnaval, uma celebração que transcende fronteiras, revela-se como uma expressão cultural rica em história e significado.
Suas origens remontam a tradições antigas, onde festivais marcavam a transição entre o inverno e a primavera
Não só de ziriguidum e telecoteco foi feito o Carnaval durante os séculos de história. A festa mais popular no Brasil, na verdade, teve início há milhares de anos na Antiguidade
A folia sempre esteve presente entre hebreus, romanos e gregos. Eram grandes festejos pagãos, cheios de comida e bebida, para comemorar colheitas, louvar divindades e ocorriam entre setembro e dezembro.
Na Idade Média, a Igreja decidiu incorporar as antigas festividades ao seu calendário. O Carnaval então passou a corresponder aos últimos dias antes das limitações impostas pela Quaresma (os 40 dias sem carne até a Páscoa). Era a última chance de se ter o prazer de saborear um suculento bife antes das privações até a Sexta-feira Santa. A festa foi se desenvolvendo e, no século XIII, começaram a surgir os bailes de máscaras, principalmente na Itália. Eram as primeiras fantasias de Carnaval, totalmente restritas à nobreza.
A partir do século XIX, as máscaras e fantasias se popularizaram e fizeram parte das festas por toda a Europa. Os personagens que mais se destacavam eram o Pierrô, o Arlequim e a Colombina ((da Commedia Dell’Arte Italiana), presentes ainda hoje na festa popular.
No Brasil, o Carnaval começou a ser comemorado desde a chegada dos portugueses. No século XVII, por influência dos nossos conterrâneos, as celebrações resumiam-se ao entrudo. Nesta época, toda a folia era feita principalmente por escravos, com direito a guerras de água, farinha e limões de cheiro.
A festa só evoluiu no país no século XIX, quando as classes mais ricas, influenciadas pelos europeus, entraram na brincadeira do Carnaval dentro de salões
Mas nada de surgir o samba ainda. Nesta época, cantava-se de tudo no Carnaval, até ópera. A primeira marchinha foi feita em 1899, por Chiquinha Gonzaga, para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro:
A popularização do samba e das marchinhas, através de compositores como Braguinha, Haroldo Lobo e Lamartine Babo, tornaram a festa um sucesso entre a população, na década de 1920. Deu-se, então, a entrada de um famoso personagem de nossa história:- Getúlio Vargas. O então presidente percebeu o apelo do ritmo e decidiu aproximá-lo ainda mais da população para torná-lo identidade nacional.
O estado passou a organizar o Carnaval, dando licença para os desfiles e investindo nas escolas de samba. Getúlio, valendo-se da onda da consolidação do samba, aproximou a sua política de construção do Estado Nacional das manifestações populares
Com o Golpe de Estado de Getúlio Vargas e início de seu governo, o Carnaval do Brasil começa a ganhar nova configuração.
A transformação do samba carioca em música nacional por um presidente gaúcho, ilustra a complexidade da intervenção
Getúlio não se limitou a entronizar o samba como ritmo nacional. Um decreto de 1937 obrigava as escolas a adotar enredos cívicos ou históricos.
A maior parte desse processo antecedeu Getúlio, mas foi no seu governo que as rádios e as gravadoras transformaram o samba em fenômeno de massa.
A partir daí, o samba e o Carnaval crescerem, ganharem um sambódromo e se tornarem identidades nacionais.