História, Memória e Patrimônio

O Colégio dos Jesuítas

Quem visita Paranaguá no centro da cidade, encontra um grande prédio que abriga o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR, não imagina que ali funcionou um colégio de jesuítas ...

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Quem visita Paranaguá no centro da cidade, encontra um grande prédio que abriga o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR, não imagina que ali funcionou um colégio de jesuítas no século XVIII, cuja inauguração ocorreu há 283 anos, no dia 24 de setembro de 1741.

A Companhia de Jesus se dedicou à catequese dos Carijós. No início, os padres da Casa de Missões de São Vicente enviavam missionários para doutriná-los. Em 1605, foram enviados os padres João Lobato e Jerônimo Rodrigues para Paranaguá, onde substituíram missionários que ali haviam. Entre 1606 e 1640, foi criado outro núcleo de jesuítas em Paranaguá, possivelmente em Superagüí, com a participação de Melquior de Pontes, um importante jesuíta que doutrinou os indígenas de Curitiba, deixando registros no Arquivo da Catedral da cidade.

Os jesuítas conquistaram a estima dos habitantes, que desejavam sua presença permanente em Paranaguá. Em 1704, a Câmara prometeu construir um convento, sob o padroado de Nossa Sra das Mercês, doando terras, uma casa,  e a própria igreja das Mercês, que estava localizada na Ilha da Cotinga, e mais 842 contos de réis.Onze dias após a doação, as obras começaram. Em 1708, Antônio Morato e sua esposa, proprietários de terras na Ilha da Cotinga, confirmaram a promessa feita sobre a   construção. O padre João Andreoni concedeu a licença para a construção. Assim, em 14 de maio de 1708, os jesuítas Antônio da Cruz e Tomás de Aquino foram solenemente recebidos na vila. No entanto, as obras foram interrompidas em 1709 por ordem do Ouvidor Dr. João Saraiva de Carvalho, que exigiu a licença real para o prosseguimento. Em 1710, o Ouvidor Dr. Rafael Pires Pardinho delimitou os terrenos do Rocio, incluindo a Ilha da Cotinga, mas não reconheceu a doação ao Colégio de Jesus, invalidando as doações feitas por Antônio Morato. Após disputas, os jesuítas conseguiram, em 1738, um alvará permitindo a construção do colégio. Em 1739, o padre Antônio da Cruz solicitou apoio à Câmara para o reinício das obras, que foram retomadas. O Colégio teve como superiores os padres Antônio da Cruz, João Gomes, Lourenço de Almeida e Cristóvão da Rosa, além de missionários como Melquior de Pontes e Manuel Pimentel. Com a expulsão dos jesuítas ordenada pelo Marquês de Pombal, o governador Gomes Freire de Andrade foi encarregado de prender e expulsar os religiosos, além de confiscar seus bens.

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Ainda resistindo ao tempo, o Colégio dos Jesuítas continua a trazer, em suas paredes, a história viva de nossa sociedade desde os primórdios, mas hoje diferente de outros tempos ele nos traz ciência, educação e história. E você, leitor, já visitou esse local? Eu, nesta semana, já dei uma passada por lá.

O Museu se situa na Rua XV n  575.

Aberto de terça a domingo, das 8-20.

LEÃO. Coisas N , Pgua, v.,1 jul. 1966.

O Colégio dos Jesuítas

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O Colégio dos Jesuítas

Hamilton Ferreira Sampaio Júnior

Hamilton Ferreira Sampaio Júnior é pesquisador de história e genealogia, formado em Teologia e licenciado em História. Faz parte da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia e do Departamento Cultural do Club Litterario de Paranaguá, sendo também sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá. Atua em projetos históricos de resgate de memória, livros comemorativos e biografias, além de projetos museológicos e pesquisas documentais para segunda cidadania. Seu mais recente trabalho foi o livro comemorativo dos 100 anos da Associação Comercial Agrícola e Industrial de Paranaguá.