Desde 2006, a projetista de móveis, Dayane Carla Queiroz, atua no ramo em Paranaguá. Mas foi em 2020, que abriu sua própria marcenaria e tem alcançado bons resultados com um trabalho focado no bom atendimento, busca por conhecimento e frente ao desafio de atuar em uma área ainda muito dominada pelo público masculino. A empresa Dayane Queiroz Móveis Sob Medida tem quatro funcionários que, junto com ela, atuam desde o projeto até a entrega dos móveis na casa dos clientes.
Dayane contou como começou a trabalhar na área. “A oportunidade veio de trabalhar em uma loja de móveis planejados, em 2006, não sabia nada, nunca imaginei trabalhar na área. Fiquei quatro anos e meio e depois fui para uma outra marca, o que foi um divisor de águas, eu aprendi e cresci muito nesse período. A marcenaria só tinha ideia de como era, até que as lojas fecharam e eu fui para a marcenaria. Depois de seis meses fiz uma parceria com o marceneiro, eu tinha meus clientes que não tinha ninguém que executasse e ele tinha os clientes dele para fazer projeto. Uniu o útil ao agradável, deu muito certo por um tempo”, disse Dayane.
Foi no ano do surgimento da pandemia que ela decidiu investir na própria marcenaria. “Em 2020 foi que eu consolidei mesmo a minha marcenaria, comprei as máquinas, vi os profissionais e ainda com muitos desafios. Comecei do zero, fui atrás de tudo”, declarou.
Ao contrário de algumas empresas que passaram por dificuldades durante a pandemia com as consequentes restrições para evitar o contágio da doença, a empresa de Dayane decolou. “Abrimos no momento certo. Cheguei a trabalhar com oito equipes em horário comercial e à noite, com todos os cuidados necessários. Surgiram muitos clientes, acredito que as pessoas ficaram mais em casa e resolveram arrumar o que estava pendente, principalmente mesas e escritórios por quem tinha que trabalhar de casa. Mas foram demandas para todos os ambientes. Fiquei desesperada no início da pandemia e no fim foi muito bom para o nosso negócio”, afirmou Dayane.
Busca por conhecimento
Os desafios de ser dona do próprio negócio são muitos, de acordo com ela, mas tudo é superado pela busca por cursos, mentorias e mais conhecimento para aplicar no negócio. “Busco muito por treinamentos, liderar exige jogo de cintura. Ao longo dos anos fui desenvolvendo a minha liderança, mas tenho muito o que aprender ainda”, destacou Dayane.
Ela também teve que buscar conhecimento para lidar com as redes sociais, algo que com o tempo descobriu que poderia fazer diferença na divulgação do trabalho e trazer mais clientes. “No começo, achei que ninguém procurasse por móveis planejados no Instagram, por exemplo. Achei que era surreal, que isso não existia. Nunca dei importância ao digital, tenho uma amiga e cliente que sempre incentivava, e depois de uma mentoria que fiz com a presença de grandes marcenarias, vi que 90% dos clientes deles vinham das redes sociais. No dia seguinte comecei a fazer as páginas e já percebi muito retorno”, relatou a empreendedora.
Área dominada por homens
Além de todos os desafios que implica a abertura de um negócio do zero, Dayane teve que lidar com uma área dominada pelo público masculino. “Como vou muito até as montagens, eu entendo realmente. Normalmente, é a esposa que cuida para o marido, a filha que cuida para o pai, e todo mundo acha que meu marido é o dono. As pessoas têm muito esse conceito. Fiz uma mentoria no ramo onde me falaram que eu era a marcenaria de uma mulher só”, contou Dayane.
A última mentoria que participou voltada para o ramo da marcenaria tinha 130 pessoas e somente ela de mulher dona do negócio. “Já há mulheres marceneiras, mas ainda não tenho uma, queria muito achar. Não contratei ainda porque não achei, seria uma forma de valorizar. Tem claro a questão do peso, de carregar os móveis, mas tudo a gente dá um jeito”, completou.
Objetivos para o futuro
O sonho de Dayane é tornar a empresa referência na cidade. “Quero ser conhecida pelo atendimento diferenciado. Tenho muita preocupação com a entrega, atender aos prazos e como entregar, com carinho e cuidado, para que isso transborde para o cliente. O que entregamos não é só um produto, quero melhorar muito nesse processo, como pessoa e empreendedora”, frisou.
Segundo ela, o segredo está no bom atendimento. “O cliente, na verdade, só quer ser bem tratado. Pode ser só uma placa de MDF para um, mas um sonho para o cliente que está sendo realizado. Tem pessoas que juntam dinheiro por anos, que deixou de viajar, de comer fora, para fazer o móvel da sua casa. Gosto de levar todo o processo como um sonho mesmo, é uma outra forma de ver o projeto. Eu me envolvo com as histórias, tem casal que está montando a primeira casa, ou senhoras que há anos tinham o sonho de trocar a cozinha”, lembrou Dayane.