O Turismo de Base Comunitária tem estimulado o desenvolvimento sustentável e a valorização das regiões em todo o País. A ideia é simples, envolver a comunidade na prestação de serviços turísticos como alimentação, passeios, hospedagem. Até porque, ninguém conhece mais as comunidades tradicionais do que as próprias pessoas que nelas habitam.
O litoral do Paraná, com sua riqueza cultural e histórica, além de belezas naturais que envolvem paisagens de todos os tipos, tem potencial para oferecer opções de turismo comunitário. Especialmente após a pandemia, o interesse dos viajantes por locais mais isolados com características únicas tem aumentado.
Um exemplo do que já ocorre no litoral paranaense é o trabalho do Nininho House, em Guaraqueçaba. Neliane Mendes, integrante da equipe, contou que o desenvolvimento do turismo comunitário no local envolve três comunidades tradicionais em uma área de agrofloresta de cerca de 8 hectares.
“O Nininho House é um Negócio de impacto que nasceu a partir da necessidade de agregar valor e propagar o modo de vida tradicional caiçara, proporcionar uma qualidade de vida, fonte de renda à comunidade e a proteção da fauna e flora nativa”, disse Neliane.
Vivências
A agrofloresta está localizada na comunidade de Ilha Rasa, com a proposta de oferecer vivências inesquecíveis aos visitantes. Além de alimentação e hospedagem, o local tem atrativos como oficinas nos manguezais, observação de aves, imersão na Mata Atlântica e cultura local. “Nós trabalhamos com uma ideia inovadora, pois oferecemos tudo em um único lugar, proporcionando vivências para os diversos públicos, podendo ser desde uma criança, um viajante ou a própria comunidade da Ilha Rasa, por meio da disseminação da cultura de produção de natureza”, destacou.
Segundo ela, a implementação do turismo de base comunitária pode gerar diversos benefícios. Com base na sua experiência, o maior benefício foi ver a consciência ambiental dos moradores mudar.
“As famílias perceberam que vale mais a pena uma árvore de pé do que caída, conseguindo uma renda melhor com o turismo vendendo as suas histórias, lendas e cultura, do que propriamente cortando essa árvore, conseguimos também a preservação dos manguezais, o aumento significativo de espécies da fauna e flora nativa como o papagaio de cara roxa e o Guanandi, e a geração de renda”, relatou Neliane.
Com isso, também surgem cada vez mais parceiros. “Hoje, o Nininho conta com grandes parceiros locais e grupos que possuem o mesmo interesse, como a chefe Manu Buffara, a Grande Reserva Mata Atlântica, SPVS, Rede de Anfitriões de TBC do litoral, Ekoways, Rotas Caiçaras Hospedagem e Passeios, Restaurante Deck Colonial, entre outros”, afirmou Neliane.
Contato com a natureza
Para Neliane, o crescimento nos últimos anos do Turismo de Base Comunitária, Ecoturismo e Turismo Histórico aumenta a consciência sobre a valorização do próprio patrimônio.
“Guaraqueçaba possui tantas maravilhas que é difícil até de nomear, belas Ilhas, praias, uma fauna e flora repleta de biodiversidade, uma cultura rica de conhecimento, além de possuirmos uma das partes mais preservadas da Mata Atlântica, o qual é de suma importância para o turismo local e regional. Uma coisa boa que a pandemia trouxe foi mostrar às pessoas que é preciso valorizar o que tem, o que está mais perto de você, e a produção de natureza alavancou nesse período pois as pessoas precisaram se conectar com elas mesmas, o contato com a natureza, com a terra, que curaram e curam pessoas”, afirmou.