Litoral

Jovens e adultos com deficiências física ou visual curtem ondas no litoral

Evento foi organizado pela Federação Paranaense de Bodyboarding

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Verão Maior Paraná - Praia Brava de Guaratuba Federação Paranaense de Bodyboarding, do Instituto Guaramar e da prefeitura de Guaratuba, promoveram um evento com PCD - pessoas com deficiência, de pratica do esporte Bodyboarding.

O amapaense Jonathan Victor Araújo Tourinho, de 16 anos, que nunca havia entrado no mar, teve sua primeira experiência em Guaratuba. Jonathan tem deficiência física e precisa de uma prótese na perna para se locomover desde que sofreu um acidente de carro em 2014. No litoral do Paraná, além da estreia, Jonathan pode sentir por um dia como é ser um surfista bodyboarding.

“Foi muito bom, uma sensação muito incrível. Coração a mil. Só tenho a agradecer”, comemorou. Para ele, realizar um sonho como esse seria quase impossível. A oportunidade chegou graças a uma oficina desta modalidade paradesportiva, realizada no último fim de semana (28 e 29), em Guaratuba, durante a 1.ª etapa do Circuito Paranaense de Bodyboarding 2023.

E a estreia aconteceu depois de muita expectativa criada. Foram horas de deslocamento até o Litoral do Paraná, mas nem isso foi capaz de desencorajar o jovem a realizar a oficina. Assim que saiu do mar, não conseguiu segurar a alegria. “Se não houvesse esse evento, eu não teria tido essa experiência”, afirmou.

A curitibana Madriele de Souza Xavier, de 45 anos, possui baixa visão e o único contato com o mar era apenas na beira, molhando os pés. “Foi a primeira vez que fiz o surf, nunca tinha pegado onda. O pessoal me ajudou, teve paciência, eu tinha muito medo de me afogar, mas entrei, foi muito gostoso. Me mostrara certinho os caminhos. Quando eu caia, me seguravam. Fiquei com muita vontade de aprender mais”, disse.

A iniciativa, que fez parte dos Jogos de Aventura e Natureza do Verão Maior Paraná, contou com 12 participantes com deficiência física e visual. Durante a ação, eles foram instruídos por atletas experientes no esporte, que se dedicaram a ensinar a parte teórica e, depois, colocar o conhecimento em prática, dentro do mar. O Estado forneceu vans para o deslocamento dos atletas e convidados, além de toda a estrutura para a realização do campeonato e da oficina, como arquibancadas, tendas, uniforme e alimentação.

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Durante a ação, eles foram instruídos por atletas experientes no esporte, que se dedicaram a ensinar a parte teórica e, depois, colocar o conhecimento em prática
Foto: Albari Rosa/AEN

O evento foi organizado pela Federação Paranaense de Bodyboarding, com apoio do Governo do Estado, por meio do programa O Paradesporto que Queremos, lançado pelo governador Ratinho Junior em junho de 2022. O programa tem como foco aprimorar as políticas públicas de incentivo de paradesportos e ampliar as ações voltadas às modalidades deste segmento, seguindo os princípios do Sistema Esportivo Federal e da Lei Geral do Esporte do Estado do Paraná.

Na época, o programa foi promovido pela Superintendência Geral do Esporte, que passou a ser Secretaria de Estado do Esporte. Com a mudança, haverá uma nova diretoria e ele será reformulado para que iniciativas como essa aconteçam com uma frequência ainda maior.

“Esse é um passo gigantesco, importantíssimo para as pessoas com deficiência do Paraná e, para nós, uma alegria imensurável. Isso nos indica que estamos no caminho certo, proporcionando a modalidade paradesportiva para todos”, destacou o coordenador do Paradesporto, Mário Sérgio Fontes.

INCLUSÃO EFETIVA

Segundo Luiz Renato Angelis, da equipe técnica da Federação Paranaense de Bodyboarding, a oficina foi realizada para que os PCDs tivessem uma vivência como atletas de desta modalidade por um dia. “O governo trouxe esse grupo para conhecer o nosso esporte. Fizemos uma oficina com eles explicando como são nossos equipamentos e como é nossa atividade. Primeiro a gente ensina na areia e depois acompanha eles dentro da água para fazer uma aula experimental”, disse.

Para Fontes, iniciativas como essa são fundamentais para que pessoas com algum tipo de deficiência sejam incluídas na sociedade. “Hoje uma das minhas maiores alegrias em proporcionar esse evento é ver que temos atletas ao lado de pessoas que não conheciam a modalidade mas que tiveram a oportunidade de vivenciar isso. O que nós queremos é que o cidadão com deficiência possa ter uma experiência inclusiva, participar da sociedade. Estamos muito felizes”, afirmou.

A oportunidade chegou graças a uma oficina desta modalidade paradesportiva, realizada no último fim de semana
Foto: Albari Rosa/AEN

Guta Borges, atleta profissional de bodyboarding há mais de 20 anos e dona de um currículo com competições a nível nacional e internacional, foi uma das instrutoras. Muito emocionada, ela disse que nunca vai esquecer da experiência de ajudar pessoas a realizarem sonhos.

“Foi sensacional. Ouvir as pessoas falarem da emoção que elas sentiram, de nunca ter tido essa sensação e agora ter, isso é uma benção. O que pra nós é uma coisa simples e corriqueira, pra eles foi um sonho realizado. Espero que eu possa ajudar muito mais pessoas”, disse.

AÇÕES

O Paraná é referência nacional no desenvolvimento de ações voltadas à prática paradesportiva, como os Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná (Parajaps), que em suas duas últimas edições tiveram um investimento médio de R$ 2,4 milhões e a participação de 3.500 atletas.

Outra iniciativa de sucesso é o programa Geração Olímpica e Paralímpica, que atua com bolsa-atleta e se tornou uma grande vitrine esportiva dentro e fora do Estado e também uma referência em todo Brasil, inspirando diversos estados a criarem projetos seguindo o mesmo modelo. Nos últimos quatro anos, o Geração Olímpica e Paralímpica realizou 650 atendimentos ao paradesporto e teve um investimento de R$ 3,4 milhões. Como resultado, os bolsistas do programa conquistaram nove medalhas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.

PRÓXIMA ETAPA

A próxima etapa do Circuito Paranaense de Bodyboarding 2023 será em março. Uma semana antes do evento, a equipe responsável fará uma análise das condições de tempo para verificar a viabilidade de realizar uma nova oficina com deficientes físicos e visuais.

Fonte: AEN

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Gabriela Perecin

Jornalista graduada pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis/SP), desde 2010. Possui especialização em Comunicação Organizacional pela PUC-PR. Atuou com Assessoria de Comunicação no terceiro setor e em jornal impresso e on-line. Interessada em desenvolver reportagens nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, inclusão, turismo e outros. Tem como foco o jornalismo humanizado.