É com técnicas específicas, paciência e empatia que o barbeiro Antonio Paiffer Neto tem conquistado as crianças autistas em Paranaguá. Cerca de 30 já tiveram o cabelo cortado pelo profissional que se especializou na área e, há cerca de dois meses, oferece o serviço.
Antonio trabalhou por anos na área de gestão comercial, na qual é formado e, eventualmente, cortava o cabelo de familiares. Só há quatro meses resolveu abrir a própria barbearia no Jardim Eldorado e se dedicar na nova profissão.
“Me veio na cabeça a dúvida se crianças autistas tinham dificuldade em cortar cabelo e comecei a pesquisar. Fiz dois cursos específicos e resolvi arriscar e divulgar nas redes sociais. As mães começaram a divulgar, inclusive do grupo UFA (União De Famílias Pelo Autismo de Paranaguá) e vimos que muitos tinham essa dificuldade. Uma das mães que atendi, há um ano não levava o filho para cortar o cabelo”, contou Antonio.
As crianças são atendidas somente com horário marcado para deixá-las mais à vontade. “Começo fazendo carinho na cabeça da criança e vendo qual a dificuldade, pois cada uma tem a sua particularidade. Algumas não gostam do espelho, daí mostro a máquina, encosto no cabelo e falo que vou cortar. Não posso deixar cair cabelo no chão. Não são todas que aceitavam ficar sentadas na cadeira, já cortei cabelo com a criança sentada no chão, na bicicleta, no colo do pai”, relatou o profissional.
Para o corte é utilizada uma máquina especial que faz menos barulho. “Ela também treme menos e, além de cortar, consigo com ela fazer o acabamento que é mais dificultoso para todas as crianças autistas porque elas têm muita sensibilidade na região da nuca”, explicou Antonio.
Várias mães relataram a Antonio que, com as técnicas comuns utilizadas nas barbearias, nunca tinham conseguido concluir o corte de cabelo de seus filhos.
“Há duas semanas, atendi uma criança de cinco anos surda e autista que se batia, se mutilava e batia no rosto. Consegui cortar o cabelo dele na bicicleta, no início foi difícil, mas conseguimos. Cobro o mesmo valor para todas as crianças, autistas ou não, porque não podemos ter esse preconceito”, disse o barbeiro.
Segundo ele, o objetivo agora é divulgar seu trabalho, procurar novas especializações e levantar a bandeira da igualdade de oportunidades aos autistas.