O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) esteve na tarde de terça-feira, 28, na Folha do Litoral News, onde concedeu entrevista exclusiva falando dos seus planos e do futuro político. Embora não tenha revelado a qual cargo irá concorrer, Moro deixou claro que estará na corrida eleitoral, e é pré-candidato nas eleições de 2022.
“É um prazer estar aqui na Folha do Litoral News falando de Paranaguá para toda a região do Litoral. Eu tenho dito que estou percorrendo o Paraná para ouvir as pessoas, e estou muito feliz de estar por aqui. A ideia é ouvir as pessoas e entender o que elas têm a dizer, o que elas querem do país, o que eu quero do Brasil e do Paraná, porque agora estou na política e eu nunca fui político antes, mas entrei na política, e a arte da política pressupõe a gente ouvir o que as pessoas querem, e é isso que os representantes delas tem que fazer seja em Brasília ou seja onde estiverem. E quanto à recepção, tem sido muito boa. Tenho conversado com as pessoas, tirado muitas fotos, e as pessoas são generosas aqui no litoral”, disse Moro.
Estando à frente da Operação Lava Jato, que foi um marco para o país, principalmente no combate à corrupção, atuou como juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba, que investigou casos de lavagem de dinheiro e evasão de divisas ligadas à empresa Petrobras.
Moro faz uma análise do trabalho realizado pela Operação Lava Jato, e fala do que deu certo e o que precisa avançar no combate à corrupção. “A Operação Lava Jato foi um marco, a gente sempre teve no Brasil grande corrupção e impunidade. Na Lava Jato a gente quebrou essa impunidade, e pela primeira vez a gente viu gente muito poderosa, dono de empreiteira, das maiores do Brasil, presidente da república, presidente da Câmara, senador e deputado sendo julgados e responsabilizados pelos seus atos. Dinheiro sendo devolvido aos cofres públicos, e a Petrobras ela fez um comunicado oficial este ano que por conta da Lava Jato já conseguiu receber de volta seis bilhões de reais. Então, é um grande trunfo e isso nunca tinha acontecido antes. Agora, a gente tem sofrido alguns reveses nos últimos tempos e isso tem sido triste, o que significa que a gente também tem que mudar o país através da política. Não basta apenas a Justiça, tem que ir para política para mexer nas Leis e para defender a integridade da política, e fazer uma política voltada ao bem comum”, enfatizou.
Em 2018, Moro foi convidado a assumir o Ministério da Justiça, colocando fim a 22 anos de serviços prestados à magistratura. O ex-ministro fala como foi a experiência frente à pasta. “Olha, a experiência foi bem-sucedida em parte. Combatemos o crime organizado, e acho que não teve no Ministério da Justiça uma gestão que foi mais vigorosa contra o crime organizado do que a minha. A gente também conseguiu reduzir a criminalidade violenta e vemos que as pessoas estão insatisfeitas ainda com a segurança pública, mas houve uma melhora nos indicadores de 2018 para 2019 na minha gestão. Agora, o principal que eu queria fazer era a consolidação do combate à corrupção, eu não tive apoio do governo e do presidente e acabei resolvendo sair por conta disso. Essa história é bastante conhecida, mas agora o que a gente precisa fazer, em vez de ficar se lamentando temos que dar a volta por cima, levantar essas bandeiras e por isso que eu estou apresentando no meu nome a população paranaense”, enfatizou Moro.
Questionado se a passagem como ministro, o fez conhecer por dentro os bastidores da política, e contribuiu para a sua entrada na política partidária, Moro explica os reais motivos. “Minha ideia de entrar para a política é recuperar os ideais dessas bandeiras, no fundo conhecer os bastidores não sei se é tão animador. Acho ao contrário, é um tanto desanimador. Mas enfim, a gente tem que mudar isso também. O pessoal coloca muitas vezes assim é a nova política ou a velha política, não é política clássica é política voltada ao bem comum das pessoas, voltada a melhorar a vida das pessoas que tem que ser objetivo. Agora para isso, você precisa ter credibilidade. Quando eu falo, por exemplo, que eu vou combater a corrupção, eu tenho meu passado na Lava Jato que me credencia a dizer isso. Quando digo que a gente vai rigoroso contra a criminalidade organizada ou violenta, eu tenho meu período no Ministério da Justiça que prova isso. Então esse ponto extremamente importante a meu ver”, externa Moro.
Quanto a sua avaliação do cenário nacional, e perguntado se acredita que ainda dará tempo para a construção de uma nova via, o ex-juiz comenta que espera que ainda haja tempo para esta alternativa. “Eu espero que haja essa possibilidade, eu estou no União Brasil, o partido tem um pré-candidato à presidência da república, que é o Luciano Bivar, tem os projetos no qual estou ajudando a fazer na parte anticorrupção e contra a criminalidade violenta na segurança pública, outros como o ex-ministro Mandetta está ajudando na área de saúde, o ex-ministro Mendoncinha está ajudando na área de educação. No entanto, a gente vê um cenário de fato polarizado. Espero que seja possível romper isso, pois particularmente não gosto de nenhuma das duas opções. De todo modo, se não for possível, o que a gente tem que pensar, pensar em eleger um bom senador, um bom deputado e um bom governador para que a gente possa ter alguma resistência contra esse radicalismo que prejudica o país nas outras instituições, ou a gente consegue a partir dessas outras instituições mudanças que eventualmente que a gente não possa conseguir via presidência da república”, comenta.
Questionado se disputará as eleições deste ano, e em qual cargo, Moro deixou claro que estará na corrida eleitoral, e é pré-candidato nas eleições de 2022. “A pergunta é a de um milhão de dólares, como se diz brincando”, externou Moro, mas responde afirmando que sim. “Vou sim ser candidato este ano. Eu estava no setor privado, mas eu senti aquele chamado, não acabou ainda meu trabalho e eu não sou pessoa de desistir, sou um lutador e quero carregar essas bandeiras que marcaram na vida pública: integridade, combate à corrupção, combate à criminalidade e política para melhorar a vida das pessoas, e muito mais do que só combater o crime simplesmente. Então vou colocar o meu nome, e não me defini ainda, e essa decisão será tomada dentro de 10 a 15 dias, e a ideia de percorrer o Paraná, de vir ao litoral e ouvir as pessoas para ter a opinião delas. Estou escolhendo, e vai ser uma decisão minha juntamente com o partido e tendo como base a opinião das pessoas. Teve uma pesquisa que saiu ontem, e que colocou meu nome bem pontuado para o senado, mas não está definido ainda se eu irei por este caminho, conforme a pesquisa que deu o meu nome na liderança ao senado aqui no Paraná, mas como já mencionei vou decidir isso”, disse Moro.
Com referência à região litorânea, Moro destacou o enorme potencial que o litoral possui e precisa também ser melhor explorado. “Eu vejo um enorme potencial no litoral paranaense e acho que é pouco aproveitado. Tem problemas de infraestrutura e tem que melhorar as opções de lazer e turismo aqui da região, porque isso gera emprego, atrai renda, isso atrai gente de fora. Por exemplo, com outros locais, às vezes até com belezas naturais inferiores, mais infraestrutura melhores, então tem que ter um investimento maior aqui na região do litoral, seja para facilitar a vazão de transporte para o porto, seja para melhorar a vazão de transporte do turismo na época da temporada e toda a infraestrutura. Eu sei que agora estão aumentando a orla de Matinhos, e acho que é uma medida positiva e claro tem que analisar se tem algum problema ambiental ali ou não, mas é uma medida que tem um potencial para aumentar o turismo aqui na região, mas tem muito mais que ser feito. Eu circulo muito por aqui no verão e ouço muita reclamação da infraestrutura, eu acho que o foco deveria ser esse, porque o resto vem naturalmente, investimento no setor privado de hotelaria de lazer”, destaca Moro que finaliza agradecendo a Folha do Litoral News pelo espaço. “Muito obrigado mais uma vez pelo convite para estar aqui na Folha do Litoral News, é um prazer poder estar em Paranaguá e poder falar com toda a região. E é isso que a gente tem feito, como disse no início, não é da boca para fora, é ouvir as pessoas. Como é que você vai fazer propostas, e estamos preparando de cinco propostas para transformar o Paraná e o Brasil, mas como vamos fazer isso sem ouvir as pessoas, então tem que circular, tem que ouvir, tem que ver o que as pessoas têm a dizer, e daí sim a gente consegue avançar. Mas temos muito a fazer aqui para que o Paraná seja uma referência no país. Se muitas vezes a gente não consegue melhorar o cenário nacional, vamos trabalhar localmente”, finaliza Moro.
