Após vários depoimentos recebidos pela 1.ª Subdivisão Policial de Paranaguá contra o médico ginecologista Dr. Amauri Bilieri, outras mulheres passaram a contar o que já haviam vivenciado com o profissional. Além dos crimes de importunação sexual que teriam acontecido durante atendimento em sua clínica, uma das vítimas relatou o comportamento inadequado dele no Hospital Regional do Litoral (HRL), local onde atuou.
Uma ex-funcionária do hospital, que não será identificada por ética e segurança, trabalhou no local de 2009 a 2014. Ela contou que o médico, na época, tinha um histórico de situações constrangedoras provocadas por ele a funcionárias no ambiente de trabalho. Ela registrou boletim de ocorrência no dia 17 de maio e, pelo seu depoimento, a natureza do crime constatada pelo escrivão foi “crime contra a dignidade sexual”.
“Com o passar do tempo conheci quase todos no HRL, na grande maioria todas as pessoas sempre educadas, era um local de trabalho agradável, até que um dia eu saí de um setor e o Dr. Amauri estava saindo do Centro Obstétrico, ele parou na minha frente, me prendeu com as mãos pelos meus braços, me balançou e disse “você não sabe a vontade que eu tenho”, levei um susto e senti pânico, ao nosso lado estava a porta do vestiário e estávamos em um corredor de acesso restrito. Eu disse “se você não me soltar vou gritar e fazer um escândalo”. Ele soltou e disse “nervosinha você”. Saí rápido dali e corri para a sala do serviço social”, relatou a mulher.
Após o ocorrido, ela contou para a assistente social o que havia acontecido, que a orientou a procurar a chefia.
“Foi o que fiz. Mas ninguém deu importância. Ele costumava olhar para mim e outras com “aquele olhar de homem tarado” que a gente percebe. Depois disso eu mudava meu trajeto quando o via, não passava perto. Eventualmente, se ouvia alguém falar “que nojo” quando cruzava com ele dentro do hospital”, recordou a ex-funcionária.
Outros casos
Além disso, ela afirma também que outros casos chegaram ao seu conhecimento. “No tempo que trabalhei lá fiquei sabendo de uma moça que ele agarrou na rampa, de outra moça que estava trabalhando e sentiu algo quente cair em suas costas, se virou e viu que Dr. Amauri tinha acabado de ejacular nas costas dela. E teve também uma médica que estava dormindo e acordou com ele em cima dela beijando sua boca”, afirmou a mulher.
Segundo ela, este último caso pode ter resultado na transferência do médico para o Instituto Médico Legal (IML). “Foi um escândalo dentro do HRL, teve alguma espécie de processo administrativo ou algo assim, um tempo depois ele foi transferido para o IML. Uma amiga me disse que ele também assediava funcionárias dentro do Hospital Paranaguá, uma delas foi sua prima”, contou a ex-funcionária.
Registro da ocorrência
Ela ainda explicou o porquê de não ter levado o caso para a polícia na data do fato.
“Na época não procurei a polícia, pois ninguém dava importância para esses casos, normalmente as pessoas dizem “é a tua palavra contra a dele, você só vai passar vergonha e ele pode te prejudicar”. Quando vi que uma vítima chamou a polícia e denunciou eu fiz o meu BO”, explicou a mulher.
Agora, ela deixou um apelo para que as mulheres que sofreram importunação sexual e/ou assédio por parte do médico ginecologista, procurem a polícia para fazer o registro. “Procurem a escrivã na delegacia cidadã, façam o BO e o depoimento. Vamos lutar por nosso direito de respeito e dignidade, e pedir por justiça contra a impunidade dos crimes sexuais e assédio”, concluiu.
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