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Trabalho

Número de trabalhadores estrangeiros no Paraná cresceu 354% em cinco anos

Entre 2005 e 2015, o número de estrangeiros aumentou oito vezes

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O número de trabalhadores estrangeiros com carteira assinada cresceu 354% em cinco anos no Paraná. Em 2010, o Estado tinha um contingente de 3.660 trabalhadores de outros países atuando no mercado de trabalho formal. Em 2015, esse número estava em 16.622, impulsionado pela vinda, principalmente, de haitianos e paraguaios. Entre 2005 e 2015, o número de estrangeiros aumentou oito vezes.

Em números absolutos, o Paraná era, no ano passado, o terceiro Estado com maior número de estrangeiros no mercado de trabalho, atrás de São Paulo (47.023) e Santa Catarina (16.808). Os dados são de um levantamento realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho.

Proporcionalmente, no entanto, a participação da mão de obra estrangeira sobre o total de empregados com carteira assinada no Estado ainda é inferior a 1%. O levantamento do Ipardes mostra que essa relação era de 0,53% em 2015, atrás apenas de Santa Catarina, com 0,76%.

“Esse movimento se acentuou a partir de 2010, quando um volume grande de trabalhadores de outras nacionalidades veio ao País em busca de mais oportunidades. O cenário de escassez de mão de obra e crescimento econômico abriu espaço para a vinda dos estrangeiros ”, diz Julio Suzuki Júnior, diretor presidente do Ipardes.

 

HAITIANOS

Os trabalhadores haitianos representam atualmente a maior parcela da população estrangeira que atua no mercado de trabalho no Paraná. Em 2015, eram 6.989 haitianos com emprego formal no Estado, 42% do total. Em segundo lugar estão os paraguaios (3.393), seguidos pelos argentinos (694), portugueses (433) e os da região de Bengala (Nordeste da Ásia meridional), que somam 369 trabalhadores.

 

BARREIRA

 Os imigrantes, em geral, procuram se instalar em cidades onde já possuem amigos ou parentes, explica Fatima Yokohama, diretora adjunta do departamento de direitos humanos e cidadania da Secretaria de Justiça, Trabalho e Direitos Humanos. “É uma forma de se sentirem menos sozinhos e de terem algum suporte, porque ainda há, no início, a barreira da língua. Muitos trocam várias vezes de cidade em busca de mais oportunidades. Com a retração do emprego em Curitiba e região, por exemplo, muitos buscaram vagas no interior nos últimos anos”, diz.

 

BOA ESCOLARIDADE

De acordo com Angela Carstens, coordenadora de intermediação de mão de obra da Secretaria da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, 3,5 mil estrangeiros buscaram as Agências do Trabalhador em todo Estado no ano passado. O número representou 4% do total de trabalhadores que buscaram uma colocação. Neste ano, de janeiro a setembro, foram 2,5 mil, ou 5% do total.

“Os haitianos que procuram as agências do Trabalhador em busca de uma vaga, por exemplo, são pessoas com boa escolaridade, que em geral dominam o francês e o inglês, além do crioulo. Há muitos professores que vieram para cá na época do terremoto no País e foram trabalhar na construção civil e nos abatedouros no Interior”, diz.

 


Reginald Alfred, haitiano que mora e trabalha em Curitiba, Paraná
Foto: Divulgação Seju

 

VIDA MELHOR

O haitiano Reginald Alfred, que trabalhava como radialista e prestava serviços na área de telefonia no seu País de origem, veio para o Brasil em 2011 em busca de uma vida melhor. Desde então já passou pelo Acre, Rondônia e agora trabalha em um restaurante em Curitiba, com a esposa e o filho.

Depois de trabalhar como tradutor na Polícia Federal e mais um ano em uma empresa em Rondônia, ele decidiu tentar a vida em Curitiba, por indicações de amigos. “Rondônia era muito quente. Cheguei a pensar em voltar, mas daí me falaram que São Paulo, Brasília e Curitiba eram bons e resolvi tentar”, diz.

 

Estado tem rede de apoio para migrantes

O Paraná foi o primeiro Estado do País a criar um conselho estadual específico para pensar soluções e melhorias para a situação dos migrantes. O Conselho Estadual de Migrantes, Refugiados e Apatriados (Cerma), criado pela lei 18.465/15, é composto por 18 integrantes, nove da sociedade civil e nove representantes do Executivo estadual. O secretário da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, Artagão Júnior, lembra que o governo foi instigado pela sociedade civil a criar uma política para migrantes partir de 2012, quando os haitianos começaram a chegar. “A iniciativa culminou com a criação, no dia 4 de outubro, de uma estrutura para atender melhor aos estrangeiros que vêm viver no Estado”, disse.
 

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