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Polícia

Delegado explica investigação do homicídio da Praça dos Leões

“É um crime gravíssimo, mais um homicídio que acontece em Paranaguá, só que todo o crime precisa ser investigado com todas as cautelas possíveis”, afirma o delegado-adjunto e operacional da 1.ª SDP da PCPR, Nilson Diniz

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Leandro Julião, investigado pelo esfaqueamento e morte de Gabriel Alves na noite de sábado, 10, se apresentou à Polícia Civil na manhã da segunda-feira, 12

Um homicídio chocou Paranaguá no último fim de semana. No sábado, 10, às 22h, Gabriel de Souza Alves, de 24 anos, morador na Ilha dos Valadares, que estava acompanhado pela esposa no playground da Praça dos Leões, no Centro Histórico, foi esfaqueado na barriga por Leandro Julião Alves, de 28 anos, que também estava com a esposa e o filho na mesma localidade. A vítima chegou a ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhada para o Hospital Regional do Litoral (HRL), mas não resistiu ao grave ferimento e veio a óbito na madrugada de domingo, 11.

De acordo com a ocorrência, que foi atendida pela Guarda Civil Municipal (GCM), os dois teriam discutido, entrado em vias de fato, que culminou no esfaqueamento realizado por Leandro contra Gabriel na região do parquinho, recentemente inaugurado pelo município.

O delegado-adjunto e operacional da 1.ª Subdivisão Policial (1.ª SDP) da Polícia Civil do Paraná (PCPR), Nilson Diniz, explicou o caso em coletiva na tarde da segunda-feira, 12, na Delegacia de Paranaguá. De acordo com Diniz, Leandro Alves se apresentou à PCPR na manhã de segunda-feira, 12. "Ele esteve acompanhado do defensor dele. Em seguida foi feita a oitiva dele em interrogatório por mim. Também foi realizada a oitiva da esposa do investigado e ainda vão ser realizadas as oitivas de testemunhas que se encontravam na Praça dos Leões no momento do fato, para aí sim a Polícia Civil chegar à conclusão sobre o que ocorreu na noite de sábado", diz.

IMAGENS NAS REDES SOCIAIS

Diniz abordou os vídeos, os quais foram divulgados nas redes sociais, mas não demonstraram toda a ocorrência. "O vídeo registra dois momentos, o início da discussão e o momento final em que eles entram nas lesões corporais recíprocas. Precisamos conhecer o que aconteceu entre esses dois vídeos, se realmente houve uma discussão entre eles, se houve lesões corporais praticados antes deste fato ou não, até para conferir a veracidade das versões das pessoas ouvidas até este momento. Além dessas imagens, que foram registradas por uma testemunha que se encontrava no local, também serão coletadas imagens do circuito de câmeras daquela região, vamos verificar se outras câmeras registraram o momento da execução do delito, para saber de fato qual foi a dinâmica delitiva, o que aconteceu e o que motivou o cometimento deste homicídio", explica.

"O vídeo quer dizer que houve um evento morte e que esse evento foi causado por Leandro. A questão é que o vídeo não está em sua integralidade sendo divulgado nas redes sociais. Precisamos desse vídeo em sua forma integral para ser analisado em que circunstância se iniciou a discussão. Nisso, fica uma lição para todo mundo, que hoje em dia você parar para discutir acerca de motivos banais pode ter como consequência um crime de uma gravidade extrema como foi este homicídio", destacou o delegado.

JUSTIFICATIVA

Leandro Julião, em sua oitiva, justificou o que o fez desferir os golpes de faca contra Gabriel. "Ele alega legítima defesa, menciona que a esposa dele se encontrava naquele parque recentemente inaugurado pela prefeitura e, de repente, a esposa da vítima teria passado a utilizar o brinquedo, em razão desse fato eles realizaram o contato telefônico com a GCM, comunicaram aos agentes que estariam usando indevidamente o parque. Em virtude disso, tanto a vítima quanto a sua companheira passaram a questionar as razões dele ter comunicado o fato ao órgão policial. Então, iniciou-se a discussão que teve como consequência a morte da vítima", explica.

"Precisamos entender que o autor alega que agiu em legítima defesa. Para chegarmos a esta conclusão, é imprescindível que sejam ouvidas todas as testemunhas que estavam na praça, outras pessoas que presenciaram o cometimento do homicídio e também ter acesso a esse vídeo integral, ver o que realmente foi gravado pela testemunha. Da forma como foi divulgado, nós temos conhecimento só do que aconteceu no início, o que gerou a discussão, e o final que realmente foi o evento lesão corporal que causou a morte da vítima. Não temos conhecimento do que aconteceu entre os dois momentos. Ou foram gravados dois vídeos ou então esse vídeo foi partido em duas partes e foram divulgadas somente algumas partes e não em sua integralidade", afirma o delegado da PCPR.

Playground que foi cenário do crime que está sendo investigado pela PCPR

MORTE E ORIGEM DA FACA

"É preciso deixar claro que o resultado morte foi extremamente desproporcional com o que deu origem a essa ação delituosa. O que o Leandro mencionou foi que o Gabriel teria cuspido cerveja em sua companheira e em razão desse fato a discussão entre eles tomou uma maior gravidade. Ele menciona que Gabriel também teria jogado uma lata de cerveja em sua direção que o atingiu na cabeça. Em razão desse fato eles brigaram e foi o momento em que ele desferiu um golpe de faca", ressalta Diniz.

De acordo com o delegado, Leandro afirma que a faca usada para desferir o golpe em Leandro seria para utilização em pesca e foi presente da sua esposa, objeto que se encontrava no veículo no momento da discussão e crime. "Essas circunstâncias estão sendo investigadas pela PCPR para analisar se esse crime foi cometido em razão de uma ação praticada por Gabriel ou não, mas no momento estamos tratando como homicídio. O Leandro já foi ouvido na qualidade de investigado e ele está sendo tratado como autor, em tese, de um crime de homicídio", explica. "Só que a Polícia Civil não vai se contentar apenas com a primeira versão dada, agora vamos coletar todos os elementos possíveis para se chegar a uma convicção acerca da presença ou não dessa excludente de ilicitude alegada por Leandro de que seria legítima defesa", explica.

"Todo o inquérito policial concluído será remetido para o Ministério Público do Paraná (MPPR) que é o titular da ação penal e ele precisa da maior quantidade de elementos para formar a sua opinião acerca do delito", afirma o delegado da 1.ª SDP.

TESTEMUNHAS JÁ OUVIDAS

Nilson Diniz afirma que no sábado, 10, foram ouvidas como testemunhas a esposa da vítima, o pai do investigado e, na segunda-feira, 12, foram feitas as oitivas do investigado do crime, Leandro Julião, e da sua esposa. "Ainda precisamos ouvir outras testemunhas. Só que temos certeza de que nessa semana já iremos concluir pelo menos a oitiva das testemunhas. Também foram ouvidos os guardas civis municipais que se encontravam no local prestando outro atendimento e, depois da coleta de todos os elementos de informação, poderá ser apontado com convicção o que de fato ocorreu", explica o delegado.

PRISÃO PREVENTIVA

"No momento em que ocorreu o crime,a GCM buscou realizar a prisão-captura de Leandro. Ele só não foi preso porque ele se evadiu do local, frustrando a captura, isso precisa ser deixado claro. Para que ele seja preso é imprescindível que haja uma ordem judicial nesse sentido. Nesse momento, não existe esta ordem judicial. Não existe neste momento nenhuma hipótese flagrancial, segundo o artigo 302 do Código de Processo Penal (CPP), ele não se encontra cometendo o delito, ele não foi capturado logo após a prática do delito, ele não foi perseguido nem encontrado com objetos que fizessem presumir ele ser autor do crime. Então hoje não temos lastro legal para realizar a prisão dele em flagrante, isso é bom ser dito", afirma o delegado.

"Nós somos servidores públicos pautados pela legalidade, só podemos realizar a prisão se essa prisão se encontrar nas hipóteses previstas no Código de Processo Penal, que hoje não se vislumbram presentes no caso concreto. Hoje ele não pode ser preso em flagrante. Ele frustrou a prisão dele em flagrante no sábado, 10, quando se evadiu do local, em que pese perseguido pela Guarda Civil Municipal. Ele vai ser preso se ao final de toda a coleta dos elementos ficarem comprovados e materializados os fundamentos de uma prisão preventiva. Estamos no segundo dia de apuração do crime, ainda é cedo apontar realmente as circunstâncias em que ocorreram o delito", informa o delegado.

CAUTELA NA INVESTIGAÇÃO

Segundo Diniz, é necessário cautela para apuração do crime. "É um crime gravíssimo, mais um homicídio que acontece em Paranaguá, só que todo o crime precisa ser investigado com todas as cautelas possíveis para não apontar o dedo na direção da pessoa errada ou a quem não cometeu o crime. Volto a dizer: o crime é grave, não se justifica e ele está sendo ouvido na natureza de investigado, ele foi ouvido sendo respeitados os seus direitos constitucionais na presença do advogado dele. Isso não quer dizer que o crime vai permanecer impune, ele saiu daqui hoje porque não estão presentes situações flagranciais e porque não há uma ordem judicial para prisão dele, isso é bom ser salientado", finaliza o delegado.

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